Fascinado pelos filmes do francês Jean Cocteau, que viu na adolescência, ainda durante os anos 50 do século passado em Paris, é já como um dos compositores mais importantes da sua geração que o americano Philip Glass decide fazer uma trilogia de adaptações a partir de Cocteau. A ópera “Orphée” (1993), baseada no filme de 1949 sobre o mito de Orfeu — poeta e músico que move os céus e a terra para trazer a sua amada Eurídice de volta do mundo dos mortos — foi a primeira.
O encenador escolhido para encenar “Orphée” no Rio de Janeiro, o encenador e realizador carioca Felipe Hirsch, revela ter ficado muito sensibilizado pelo facto de durante a composição desta obra, Glass estar numa luta pessoal intensa para ajudar a sua mulher, a designer Candy Jernigan, a lutar contra um tumor. Segundo o encenador — “Philip Glass transformou a obra-prima de Jean Cocteau numa outra obra-prima. É algo incomum, mas ser incomum é uma característica de Glass. Felipe Hirsch conheceu Philip Glass nos anos 2000 e ambos estudavam a hipótese de vir a colaborar juntos.
Felipe Hirsch diz ter feito no “Orphée” um trabalho “muito centrado em Jean Cocteau”, um artista múltiplo — “poeta, romancista, dramaturgo, cineasta, ator, diretor de teatro e designer. Na adaptação foi muito influenciado pelo trabalho de espelhos do cenógrafo checo Josef Svoboda. O espelho é outro personagem de “Orphée” e simboliza a relação com a morte e o envelhecimento. Segundo o encenador, uma profunda refexão sobre qual o lugar da vida que cada um de nós ocupa no momento atual, nesta situação, neste contexto. É a reflexão de todos os artistas que chegam a uma certa idade, a um certo nível de reconhecimento, e que se reinventam por amor à arte.
ORPHÉE
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Quinta-feira, 27 de janeiro, 19h00, Grande Auditório do Centro Cultural de Belém
Sábado, 29 de janeiro, 19h00, Grande Auditório do Centro Cultural de Belém