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terça-feira, 16 de setembro de 2025

Uma obra pioneira sobre o verdadeiro papel das mulheres durante a Expansão



A épica história da expansão ultramarina portuguesa perpetua há séculos a coragem e os feitos de personagens masculinas. De Portugal a África, Ásia e América, tanto as mulheres portuguesas como as autóctones assumiram um papel ativo em diversas áreas da sociedade, embora os registos oficiais as silenciem. Neste novo livro, os autores Amândio Barros, Amélia Polónia, António Manuel Hespanha e Rosa Capelão repõem a verdade sobre o papel das mulheres naquele tempo. Construtoras de Impérios explora o protagonismo destas figuras femininas como peças-chave na construção do império colonial português na Época Moderna. Esta é uma obra pioneira de historiadores portugueses reconhecidos a nível nacional e internacional que chega às livrarias a 18 de setembro.

Explorando o protagonismo das mulheres como peças-chave na construção do império colonial português na Época Moderna, nela se tecem novos debates, com forte base documental, sobre processos de exclusão e subalternidade, mas também de resistência, a que a historiografia atual não pode ser alheia. Especial atenção é dada a uma narrativa integradora da agência da mulher portuguesa e da mulher autóctone.

Percorrendo vários cenários, desde os metropolitanos a espaços coloniais, na África, Ásia e América, a obra torna patente que a expansão ultramarina portuguesa não foi uma mera história de homens em trânsito, foi também uma história de mulheres em ação. A mulher, portuguesa e autóctone, que nos documentos oficiais surge silenciada ou representada como subordinada, surge neste livro como personagem ativa na política, na economia e na sociedade – em Portugal e em espaços ultramarinos.

Entre as mulheres que ficam, as que partem e as que se viram confrontadas com a imposição de códigos culturais externos aos seus universos vivenciais – todas emergem como participantes na construção, na manutenção e na transformação do(s) império(s) português(eses): o império formal, liderado por políticas e representantes do poder régio; o império informal, subordinado a estratégias e a práticas de indivíduos e grupos auto-organizados; e o império sombra, constituído pelos filhos e filhas da terra: um  mundo  composto por sentimentos de pertença cruzados, práticas híbridas e identidades em transformação.

Construtoras de Impérios chega às livrarias a 18 de setembro. 

Sobre os Autores
Amélia Polónia (autora e coordenadora) 

Professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora do CITCEM/ UP. Estudos sobre comunidades marítimas, implicações ambientais da colonização europeia, transferências de conhecimento, dinâmicas de globalização, estudos de género são temas-chave das suas recentes linhas de investigação. A par de numerosos estudos sobre a mulher e a expansão portuguesa, é autora de A Expansão ultramarina numa perspetiva local.  O porto de Vila do Conde no séc.  XVI (2007) e coeditora de Beyond Empires: Global, self-organizing, cross-Imperial networks, 1500-1800 (2016), e Connecting Worlds. Production and circulation of knowledge in the First Global Age (2018). É coordenadora da secção de História e Arqueologia da Academia Europaea – the Academy of Europe. 

António Manuel Hespanha (1945-2019) 
Historiador e jurista, iniciou a renovação da história institucional e política da monarquia portuguesa e seus territórios ultramarinos da época moderna. Autor de dezenas de livros e centenas de artigos, traduzidos em várias línguas, com enorme impacto internacional, a sua obra é fundamental para o estudo das instituições e dos poderes, em Portugal, e do papel que o direito e os juristas tiveram na construção dos sistemas políticos da Europa do Sul. Como historiador abordou, na sua vasta obra, o colonialismo e o império, área de investigação para que também contribuiu como presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Entre as suas obras contam-se, como marcos de referência, Nas vésperas do Leviathan (1994) e Filhos da Terra: identidades mestiças nos confins da expansão portuguesa (2019). 

Rosa Capelão  
Doutorada em História pela Universidade do Porto (2011), é investigadora colaboradora do CITCEM. A sua investigação incide sobre o papel das mulheres como intermediárias no Império Ultramarino Português, no seu contributo para a produção e circulação de conhecimentos, bem como na sua atuação como agentes das médicas práticas nos séculos XVI e XVII. Tem igualmente explorado o impacto das crenças e emoções nos processos de cura, a partir do estudo do culto das relíquias. Paralelamente à atividade de investigação, exerce profissionalmente a enfermagem desde 1998. Desenvolve atualmente a sua prática clínica na Galiza. O seu percurso cruza a experiência assistencial com a investigação histórica, num diálogo constante entre ciência, cultura e condição humana. 

Amândio Jorge Morais Barros 
Nasceu no Porto. Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto e investigador do CITCEM–UP. Académico emérito da Academia de Marinha, é especialista em História Marítima e História da Expansão Portuguesa, e possui agregação em História dos Descobrimentos e da Expansão pela Universidade Nova de Lisboa. O seu doutoramento, «Porto. A construção de um espaço marítimo no início da Época Moderna», recebeu o Prémio Almirante Sarmento Rodrigues (Academia de Marinha) e o Prémio Artur de Magalhães Basto (Fundação Eng.º António de Almeida).