A historiadora Irene Flunser Pimentel é uma das maiores especialistas no Portugal contemporâneo e tem um novo livro. A autora da primeira história da polícia política da ditadura está de regresso ao tema, mas desta vez acrescenta também as polícias políticas de outros países. Relações Perigosas – A cumplicidade da PIDE com as secretas internacionais começa no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e percorre 30 anos de História, até 1975. Dividido em 11 capítulos e incluindo uma valiosa investigação feita numa série de arquivos, estará disponível nas livrarias a 30 de outubro.
As quase três décadas de relacionamento entre a polícia política da ditadura portuguesa, entre 1945 e 1975, com os seus vários nomes de PIDE e DGS, e as polícias e serviços secretos de países ocidentais durante a Guerra Fria permitem retirar uma conclusão central.
Ainda que vigorasse em Portugal uma ditadura colonial, tal não impediu que, no âmbito da NATO e da Interpol, as polícias e serviços secretos de informação de países «ocidentais» e democráticos colaborassem com a PIDE/DGS e trocassem informações entre si.
A PIDE − e depois a DGS − era, tal como o KGB soviético, uma polícia que «zelava» pela segurança interna e externa do Estado. Nesta última qualidade, relacionou-se com a CIA norte-americana, a Seguridad espanhola, o BND alemão, bem como com os serviços policiais e de informação europeus e dos países da NATO, nomeadamente de França, da Bélgica e dos Países Baixos.
Resultante de uma investigação em fontes portuguesas e ocidentais, nomeadamente francesas, espanholas, alemãs e norte-americanas, sem esquecer os arquivos da PVDE/PIDE/DGS na Torre do Tombo, esta é uma obra essencial para compreender as «relações perigosas» entre a polícia política portuguesa e os organismos congéneres estrangeiros, que pouca preocupação revelaram quanto às atividades que aquela desenvolvia, numa ditadura para a qual não existia o Estado de direito. 
Sobre a Autora
Irene Flunser Pimentel é mestre em História Contemporânea (Século XX) e doutorada em História Institucional e Política Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.  
Investigadora do Instituto de História Contemporânea (FCSH da UNL), é autora de História das Organizações Femininas do Estado Novo (2000, Prémio Carolina Michaëlis em 1999), de Fotobiografia de Manuel Gonçalves Cerejeira (2002), de Judeus em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial. Em Fuga de Hitler e do Holocausto (2006, Prémio exaequo Adérito Sedas Nunes, atribuído pelo Instituto de Ciências Sociais em 2007), de A História da PIDE (2007, Prémio Especial Máxima em 2008), de Tribunais Políticos. Tribunais Militares Especiais e Tribunais Plenários durante a Ditadura e o Estado Novo, em coautoria com Fernando Rosas, João Madeira, Luís Farinha e Maria Inácia Rezola (2009), de Fotobiografia de José Afonso (2009), de A cada um o seu lugar (2011, Prémio Ensaio 2012 da Máxima), de O Caso da PIDE/DGS (2017), de Holocausto (2020, vencedor do Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, na categoria «História da Europa», em 2021), de Informadores da Pide – Uma Tragédia Portuguesa (2022) e Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975 – Episódios menos conhecidos (2024). 
Foi distinguida com o Prémio Pessoa em 2007 e com o Prémio Seeds of Science, na categoria «Ciências Sociais e Humanas», em 2009, e condecorada com a Ordem Nacional da Legião de Honra pelo Governo de França em 2015. 
