Artistas convidadas exploram linguagens próximas da arquitetura e do minimalismo para interpretar o mundo que habitamos e como o habitamos. Com curadoria de Helena Mendes Pereira, a exposição estará patente até março de 2026, com entrada gratuita.
Ana Almeida Pinto (Portugal, 1984), Ana Pais Oliveira (Portugal, 1982), Cristina Massena (Portugal, 1977), Evgenia Antonova (Ucrânia, 1986) e Sandra Baía (Portugal, 1968) estão representadas na exposição “Fosso”, com um conjunto de obras que abordam conceitos da arquitetura e do minimalismo, para propor uma reflexão sobre as desigualdades em pleno século XXI.
A curadoria é de Helena Mendes Pereira, da ZET Galeria de Arte, e estará patente no Centro de Artes e Espetáculos (CAE) da Figueira da Foz, de 25 de outubro até 8 de março do próximo ano.
Para Helena Mendes Pereira, explorar a questão das desigualdades e da sua origem é fundamental para promovermos um debate sobre tolerância e justiça. “Do ponto de vista metafórico, ‘fosso’ pode significar uma distância ou separação entre pessoas, grupos ou ideias, uma diferença marcante, mesmo abismal, entre condições sociais, culturais ou económicas. Este é o tempo que vivemos: um tempo global marcado por fossos sociais e ideológicos que acentuam desigualdades, tensões e conflitos”, explica a curadora. “As condições totalmente desiguais no acesso à riqueza, à tecnologia, à informação, à educação ou à preservação ambiental fazem prosperar conflitos culturais e identitários relacionados com o género, com a sexualidade, com a etnia, com a religião e com a imigração. São, ainda, inevitáveis os fossos políticos e ideológicos que se caracterizam pela polarização política e colocam a democracia numa situação de crise”, alerta. “As artistas escolhidas têm um trabalho que é exemplo do exercício consciente que fazemos para diminuir o fosso de representatividade de género que (ainda) caracteriza o meio artístico e cultural português e internacional. Escolhê-las é uma opção política e uma forma de erguermos a nossa voz na luta pela construção de um mundo menos desigual. Além de comungarem elementos de linguagem, trata-se de artistas fazedoras e que têm no trabalho de experimentação tecnológica e de transformação dos materiais a essência do que fazem”, finaliza.
Para o CAE, esta exposição vai de encontro ao objetivo assumido na programação do espaço, que assume “um compromisso claro com a arte que questiona, que interpela e que reflete o nosso tempo”, com uma exposição que inclui “um conjunto de obras que não se limitam a ocupar o espaço, mas que o transformam num lugar de pensamento e de diálogo” e “um convite à reflexão profunda, uma afirmação da força criativa feminina e um testemunho do papel da cultura como agente de transformação social”.

