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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Museu Zer0: nasce no Barrocal Algarvio o primeiro Centro dedicado exclusivamente à Arte Digital



“0 zer0 nã0 s1mb0l1za 0 vaz10, 0 nada, mas, pel0 c0ntrár10, c0nsubstanc1a 0 t0d0, a plen1tude”. A frase de Paulo Teixeira Pinto, fundador do Museu Zer0, serve de mote à abertura do primeiro museu de arte digital em Portugal. Situado nos silos da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Azeite (CAPA) de Santa Catarina da Fonte do Bispo, no coração do Barrocal Algarvio, o Museu Zer0 nasce como oficina viva, sem acervo, mas com residências artísticas, investigação e produção contínua. A sua missão cruza território, comunidade, memória e inovação, projetando-se a partir do território para outros contextos nacionais e internacionais.

Sem um acervo tradicional, o Museu Zer0 visa convocar o futuro, incentivando à criação artística em arte digital, e acolhendo obras desenvolvidas através do uso das novas tecnologias. Privilegia a produção in situ de obras de arte, concebidas em função dos espaços expositivos existentes, num modelo de oficina viva centrada em residências artísticas, criação contínua e ligação ao território e à comunidade.

Assumindo-se como um Centro de Arte Digital, além de um espaço de exposição, de uma sala imersiva, de um estúdio de som, de um pátio que apela a concertos e projeções, um espaço para criação e produção artística, uma sala órgão que serve paralelamente para exposição e criação de projetos a partir da máquina industrial existente, de uma sala polivalente para projetos de mediação cultural, de um espaço para investigadores e ainda de um espaço FabLab, o Museu Zer0 assume-se como um espaço de acolhimento artístico, de experimentação crítica e de reflexão artística e social sobre o impacto da era digital.



O Museu Zer0 abre as suas portas em dois tempos (27 de setembro e 18 de outubro), dois gestos complementares que dão corpo à sua própria missão de pensar a arte como processo contínuo, em construção, em diálogo com a comunidade, o território e o futuro. Entre estes dois momentos, o Museu permanecerá aberto ao público, em produção, montagem e criação, assumindo-se como um espaço vivo, em que escolas, instituições, habitantes de Santa Catarina da Fonte do Bispo e visitantes poderão acompanhar os bastidores, conhecer artistas, dialogar com processos artísticos e descobrir como se constrói uma exposição.

“A abertura do Museu Zer0 será um marco na paisagem cultural do Algarve e do país, com uma programação artística pensada como um gesto inaugural com densidade simbólica e força experiencial. Um conjunto de propostas que não ilustram um conceito — encarnam-no. Instalações, ações performativas, vídeo mapping, concertos, experiências imersivas e processos de cocriação revelarão, desde o primeiro momento, o ADN do Museu Zer0, um espaço artístico, experimental, crítico e inclusivo, enraizado na comunidade e no território e projetado para o mundo”, destaca Fátima Marques Pereira, programadora geral de abertura do Museu Zer0.

No projeto das residências artísticas, o Museu Zer0 conta com o importante apoio da Fundação MEO, pretendendo desafiar artistas e investigadores a proporem projetos inovadores, capazes de dar visibilidade ao Museu, pela sua diferença enquanto oficina viva – residências artísticas. Esta oficina viva afirma-se como um núcleo de criação, investigação e partilha artística situado no território.

"Na Fundação MEO acreditamos que a arte, quando aliada à tecnologia, é uma força transformadora capaz de aproximar pessoas e territórios. O apoio ao projeto das residências artísticas do Museu Zer0 traduz o nosso compromisso em impulsionar a criatividade, a inclusão e a coesão comunitária, dando palco ao talento e à inovação no Algarve. É neste cruzamento entre arte digital e impacto social que nascem novas formas de futuro, mais abertas, acessíveis e inclusivas", afirma Carolina Pita Negrão, diretora da Fundação MEO.

A programação artística para a abertura teve presente a preocupação de se relacionar com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e com as prioridades Estratégicas da Comissão Europeia, uma abordagem que reforça o alinhamento do Museu Zer0 com os grandes compromissos globais e europeus — nomeadamente o Pacto Ecológico Europeu, a Promoção do Modo de Vida Europeu, a transição digital e a construção de uma economia mais inclusiva, participativa e centrada nas pessoas.

“Estamos a trabalhar para atrair artistas que possam passar uma temporada neste território algarvio, para criar uma obra in situ, e que a mesma possa ser apresentada noutros espaços artísticos”, refere João Correia Vargues, presidente da direção do Museu Zer0.



Abrindo em 2025 o seu edifício ao público, o Museu Zer0 conta já com cerca de 7 anos de trabalho na região e em Portugal. Entre exposições, concertos, conferências, atividades em escolas ou residências, já muito caminho foi trilhado. O Museu Zer0 teve o privilégio de contar com o projeto transfronteiriço Magalhães (de 2021 a 2023) e o projeto designado como Ágora Interuniversitária. O projeto Magalhães permitiu ao Museu Zer0 reabilitar alguns dos seus espaços para os dedicar à aprendizagem, criação e produção artística. Por seu lado, a Ágora Interuniversitária dinamizou e pretende continuar a dinamizar um espaço para encontros entre a comunidade académica portuguesa que trabalha no campo alargado da arte digital.

“O Padre António Vieira escreveu no século XVII uma prodigiosa obra que tinha como título um paradoxo que era uma verdadeira contradictio in terminis: "História do Futuro". Assim também o nosso Museu não visa celebrar o passado, antes sim convocar o futuro. Porque, nas lapidares palavras de Paul Gauguin, "a arte ou é revolução ou plágio". O que tanto vale para o pincel como para o pixel”, refere Paulo Teixeira Pinto, a propósito da abertura do Museu Zer0.

O Museu Zer0 está aberto de quarta-feira a domingo, das 10h00 às 18h00, e a entrada é gratuita.