Uma leitura irradiante do grande filósofo português do esoterismo em diálogo com Camões, Verney, Pessoa, Pascoaes, Leonardo Coimbra, Agostinho da Silva, António Quadros e Herberto Helder
«Agostinho da Silva não concorda, estou bem certo, com as extensas homenagens que lhe têm feito depois da sua morte. Não concordará também com a imagem que daí resulta. Gostará de ver quem se lhe oponha, sem insulto ou grosseria, mas por pensar diferente.» (António Telmo)
«Quem foi, quem é António Telmo? Partiu há quase cinco anos, deixando-nos uma saudade imensa, um vazio que nunca conseguiremos preencher, uma vasta obra por decifrar, um exemplo de filósofo errante e exilado na sua própria terra, como sempre acontece neste País envolto em brumas de inveja. Mas desde então a sua ausência física tornou-se presença constante entre aqueles que o conheceram e os que o vão descobrindo nas páginas que publicou. Nunca foi mestre de ninguém, jamais teve essa pretensão, mas quando lemos as suas palavras sentimos inevitavelmente que habita nelas uma luminosidade especial, a de alguém que buscou precisamente a luz e soube transmitir as suas centelhas nas reflexões que nos legou. Assim iluminado, António Telmo conseguiu sempre ver/ler para além da literalidade dos textos sobre os quais meditou, alguns deles (como Os Lusíadas) ao longo de dezenas de anos.
O livro que agora temos diante de nós, escrito por Pedro Martins, nasceu de uma dupla atitude de humildade e de admiração, duas virtudes que há muito, infelizmente, caíram em desuso neste País. E, no entanto, a humildade é a qualidade mais importante para todos os que pretendem entrar no estudo da verdadeira sabedoria, como já lembrava o kabbalista Moisés Cordovero no século XVI (Moisés, o profeta maior, foi chamado ‘o humilde’). Quanto à admiração, é em si mesma um princípio essencial para quem procura seguir pelos caminhos da Filosofia – que ‘serve menos para nos dizer o que é do que para afirmar aquilo que deve ser’, como escreve Pedro Martins.» (António Carlos Carvalho in Prefácio)
Pedro Martins nasceu em Lisboa em 22 de Janeiro de 1971. Jurista e advogado, licenciou-se em 1993, pela Faculdade de Direito de Lisboa. Pós-graduou-se em Sociologia do Sagrado e do Pensamento Religioso, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Vive há muito em Sesimbra. Aqui ou em Estremoz, conviveu uma década bem contada com António Telmo, de quem é um continuador. É autor dos livros O Anjo e a Sombra: Teixeira de Pascoaes e a Filosofia Portuguesa (2007), O Céu e o Quadrante: desocultação de Álvaro Ribeiro (2008), O Segredo do Grão Vasco: de Coimbra a Viseu, o 515 de Dante (2011), Teoria Nova da Saudade (2013), Agostinho da Silva em Sesimbra (em colaboração com António Reis Marques, 2014) e Cartas de Agostinho da Silva para António Telmo (em colaboração com João Ferreira e Rui Lopo, 2014). Tem colaboração nas revistas A Ideia, Devir, Invenire, Callipole, Nova Águia, Teoremas de Filosofia e Cadernos de Filosofia Extravagante, de que foi co-coordenador entre 2009 e 2013. Membro fundador do Projecto António Telmo. Vida e Obra, integra a coordenação editorial das Obras Completas de António Telmo, em curso de publicação na Zéfiro. Integra a equipa de investigadores do projecto “Redenção e Escatologia no Pensamento Português”, da Universidade Católica Portuguesa, onde irá colaborar com artigos sobre Grão Vasco, Jaime Cortesão e António Telmo. É membro do Conselho Fiscal do Centro de Estudos Bocageanos, de Setúbal. Entre 1999 e 2005, foi editor da agenda cultural Sesimbra Eventos e coordenador da Colecção Livros de Sesimbra.