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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

"Lisboa, cidade triste e alegre" de Victor Palla e Costa Martins


A Pierre von Kleist editions vai lançar a nova edição do livro 'Lisboa, Cidade Triste e Alegre' de Victor Palla e Costa Martins n' A Vida Portuguesa, loja do Intendente, no dia 9 de Outubro pelas 18.30h.

‘Lisboa, Cidade Triste e Alegre’  da dupla de arquitectos-fotógrafos Victor Palla (1922-2006) e Costa Martins (1922-1996), originalmente publicado em 1959, em 7 fascículos subscritos, é uma sinfonia visual sobre a Lisboa dos anos 50, mostrando a cidade nos seus diferentes aspectos.

O livro reúne cerca de 200 fotografias, que os autores paginaram em estreita relação com excertos de poesia da autoria de Fernando Pessoa (Álvaro de Campos, Ricardo Reis), António Botto, Almada Negreiros, Camilo Pessanha, Mário de Sá-Carneiro, Alberto de Serpa, Cesário Verde, Gil Vicente, e inéditos de Eugénio de Andrade, David Mourão-Ferreira, Alexandre O'Neill, Jorge de Sena, entre outros nomes da cena literária portuguesa de então, com destaque ainda para o texto de abertura de José Rodrigues Miguéis.

"Este livro levou três anos a preparar. Cerca de seis mil clichés foram o resultado da tarefa a que os autores se votaram, tarefa que é um tributo de amor à cidade em que ambos nasceram e vivem. E dessas seis mil fotografias, foram escolhidas cerca de duzentas para formarem o conjunto desta obra. Sem dúvida existem belas fotografias de Lisboa, da Lisboa pitoresca e monumental. Mas este álbum é diferente: não se trata de um simples inventário ou reportagem documental e muito menos duma colecção de “bonitas” provas isola-das. As fotografias que compõem o volume, afastando-se tanto quanto é possível daquilo que se entende por fotografia de “salon”, são antes o retrato da Lisboa humana e viva através dos seus habitantes — de dia, de noite, nos seus bairros, na Baixa, no Tejo — revelação ora alegre ora triste, mas sempre terna e sentida, da vida duma cidade." Victor Palla e Costa Martins

É um livro graficamente exuberante. As páginas com metade do tamanho, as duplas páginas com margem de recorte, os encartes, as fotografias com cores impressas litograficamente criam um caleidoscópio de impressões que combinam com a agitação e confusão da própria experiência citadina. É um livro feito como um filme, em movimento. Pela primeira vez, as fotografias foram feitas com o objectivo de servir o livro e são fluídas e rápidas, valorizando a crueza do que é espontâneo acima do estudado e tecnicamente perfeito. Retrata uma Lisboa vulgar, maioritariamente proletária, e até mesmo desmazelada, que o governo de Salazar desejava ignorar. Representou o nascimento de uma fotografia portuguesa verdadeiramente modernista.

Depois da primeira edição, o livro foi praticamente esquecido, até que, em 1982, António Sena o retirou da sombra através da exposição Lisboa e Tejo e Tudo, na galeria Ether. Nessa altura, juntaram-se muitos dos fascículos que continuavam por encadernar e fizeram-se cerca de 200 cópias. A reputação internacional do livro surgiria depois, associada à sua inclusão em 'The Photobook: A History, Vol. 1', de Gerry Badger e Martin Parr que o descrevem assim: "Lisboa, Cidade Triste e Alegre é particularmente notável pelo uso de ideias gráficas desenvolvidas por fotógrafos como William Klein ou Ed van der Elsken, criando um livro vibrante, com uma sequência cinemática".

Em 2009, a Pierre von Kleist editions voltou a reeditar o livro, celebrando o 50º aniversário da publicação original. Depois do enorme sucesso nacional e internacional desta reedição, o mais importante livro de fotografia português volta novamente assim a estar disponível. Esta nova edição foi feita à total semelhança da primeira, incluindo ainda um suplemento com uma nova introdução do crítico inglês Gerry Badger.

A Pierre von Kleist editions é uma editora portuguesa de livros de fotografia fundada por André Príncipe e José Pedro Cortes, tendo já 20 livros publicados.