Nenhuma vida foi a mesma depois de 25 de Abril de
1974. A de Maria Laura não foi excepção.
Depois do romance Madre Paula, Patrícia Müller – que escreve
sempre que pode e onde pode e espera fazê-lo – regressa aos livros.
Partindo da vida da sua bisavó, documentada em retratos e
conversas, conta em Uma Senhora Nunca uma parte da história do
século XX e traz à luz da ficção a vida de quem se viu despojado em
lugar de inebriado. Maria Laura é a protagonista.
Para escrever este livro, Patrícia Müller contou com a ajuda da avó
que um dia lhe disse: «Sabias que a minha mãe tinha sido raptada
pelo meu pai?» As conversas entre as duas duraram muitos meses e
resultaram neste livro, que recua aos tempos da I República,
atravessa o Estado Novo e termina depois da revolução de Abril,
arrastando consigo personagens que vivem sempre à beira do abismo.
Foi uma experiência irrepetível, mas talvez todas as experiências da
autora sejam, para ela, irrepetíveis. Patrícia Müller (nascida em
Lisboa, em 1978) escreveu reportagens, séries, telenovelas,
telefilmes, crónicas.
Sinopse
Maria Laura é senhora desde que nasceu. Oriunda de uma família
antiga e latifundiária, nunca trabalhou um dia na vida. Casa-se, tem
filhos, gere um país próprio – o apartamento onde mora numa zona
rica de Lisboa. Cuida de vivos e de mortos com devoção cristã.
Depois, enlouquece de medo e de rancor contra todas as mudanças
que vêm com a revolução de Abril de 1974.
Esta é a vida de Maria Laura, da sua insignificância e das suas
memórias familiares. Mas também a história de um amor pelo filho do
marido, a da obsessão em cumprir regras que nunca discutiu, a da
demência que a transporta até à morte. E a resistência aos turbilhões
sentimentais, a vitória da vida sobre o tempo que nos devora.
Esta é também uma narrativa romântica, violenta e voluptuosa da vida
dos pais e dos filhos, extensões naturais dos braços tentaculares da
Senhora. E uma história intimista e sexual do século XX: uma família
que vive com o poder e a glória – e que tudo perde com o 25 de Abril.
Sobre a Autora
Patrícia Müller nasceu em Lisboa, em 1978. Estudou Ciências da
Comunicação, na Universidade Nova de Lisboa, e começou a vida
profissional como jornalista na Elle. Colaborou com outras revistas e
estreou-se na televisão em 2000. Inaugurou a carreira de
argumentista em 2002 e, desde então, tem escrito filmes, séries,
telefilmes, novelas. Em 2014 lançou Madre Paula, romance histórico
baseado na relação entre D. João V e uma freira de Odivelas. Uma
Senhora Nunca é a primeira proposta totalmente ficcionada. Aliás,
parcialmente ficcionada – porque esta é uma história baseada na
bisavó da autora.