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sexta-feira, 10 de maio de 2019

Entrevista com Peter de Cuyper vocalista dos Barry White Gone Wrong


Esta semana Peter de Cuyper veio até ao encontro do Cultura e Não Só para nos falar do mais recente trabalho dos Barry White Gone Wrong, chama-se "Done" e sucede a "Tornado", fique nas próximas linhas a saber algumas das curiosidades do novo disco e da banda.

Cultura e Não Só - Peter de Cuyper fale um pouco do novo trabalho dos Barry White Gone Wrong (BWGW).
Peter de Cuyper - O novo disco já está ai, foi gravado tal como o anterior nos Black Sheep Studios desta vez sem o Tatanka na produção devido a ele estar muito ocupado, tivemos ajuda na produção do Tiago Albuquerque e também do Bruno Xisto.

Cultura e Não Só - Como foi o processo de gravação e composição, compõem em equipa ou é um trabalho mais solitário?
Peter de Cuyper - A parte criativa geralmente é feita com duas ou no máximo 3 pessoas. Posso ter uma letra e já ter alguma ideia de melodia ou ter uma letra e o Miguel Décio ou Mário Moral terem um riff e acaba por nascer algo, mas nunca criamos todos juntos porque se torna muito confuso, é melhor com 2 ou 3 pessoas e depois fazemos todos os trabalhos de casa e enviamos aos outros e aí sim ensaiamos todos em conjunto.
Este processo foi um bocadinho diferente do disco anterior (Tornado) porque no outro as músicas estavam todas feitas e já as tocávamos todas ao vivo, neste disco há umas 3 ou 4 músicas que ainda nunca tocámos ao vivo.


Cultura e Não Só - O Peter falou em tocar ao vivo, vocês são uma banda com muita estrada, estrangeiro incluído, como tem sido até agora a vossa experiencia?
Peter de Cuyper - Cabo Verde, Bélgica, Espanha, gostam muito de nós na Galiza, Holanda e França são alguns dos países por onde já passámos. E vamos repetir isso agora em Junho e no fim do ano iremos fazer uma turné de 10 datas em Espanha.

Cultura e Não Só - Como é que surge um convite para uma realidade musical tão diferente da vossa como é Cabo Verde?
Peter de Cuyper  - Bem, normalmente não são bem convites, sou eu, que sou chato (risos), por acaso no caso do Grito Rock em Cabo Verde eu vi-os online e enviei-lhes um mail a dizer “gostava muito de ir tocar ai”, eles gostaram de música e acabámos por ir, por acaso foi um processo rápido e simples.

Cultura e Não Só - Agora uma questão minha, como é que um belga vem parar a Sesimbra ?
Peter de Cuyper  - De carro (risos), num Opel Senator, há várias razões, mas normalmente conto isto de uma forma mais resumida, a principal razão foram os Madredeus, vi-os na TV e apaixonei-me, não percebia uma palavra mas fiquei tao encantado que disse “vou ter que ir para Portugal um dia” , não com planos para ficar, as coisas não me estavam a correr bem na Bélgica e 25 anos depois estou cá para ficar.

Cultura e Não Só - Na Bélgica já trabalhava na música?
Peter de Cuyper  - Não , trabalhava em hotelaria e ganhava muito bem. Além disso escrevia letras que dava a outros artistas, aliás perdi um bloco com cerca de 100 letras que nunca mais o recuperei, se calhar já tenho vários hits dos quais não recebo um tostão, podia ser milionário (risos).

Cultura e Não Só - Alem dos BWGW trabalhas como roadie para o António Zambujo, como é trabalhar com ele?
Peter de Cuyper - É incrível trabalhar com ele, tal como disse à pouco, foi por causa dos Madredeus que vim para Portugal e o António acaba por preencher um pouco o espaço deixado pelos Madredeus ao nível da world music.
No início foi um bocado estranho, tenho que confessar, mas depois de 3 ou 4 concertos acabei por ficar rendido à música dele, e este último álbum é qualquer coisa de fenomenal, já não é música tradicional, é música para o mundo, tem pop, e cada vez que vou com ele aprendo mais. Acho que o sucesso dos BWGW não era possível senão tivesse trabalhado com ele estes dois últimos anos.

Cultura e Não Só - Alem disso sei que gravaram uma canção juntos, como foi por o António Zambujo a cantar em inglês?
Peter de Cuyper - Foi a única vez até agora que o António cantou em inglês, ele arrisca-se às vezes a cantar em francês mas inglês foi só desta vez. Eu tinha esta letra e a música não tinha nada a ver com as outras, parecia mesmo feita à medida dele, então convidei-o para a gravar e ele disse logo que sim. Gravámos logo o vídeo e a música, quem misturou foi o José Motor (nosso técnico de som, de quem tenho muitas saudades, agora esta a trabalhar na Opera do Dubai). Até ao dia da gravação não fazia ideia de como seria a António a cantar me inglês mas foi ótimo.


Cultura e Não Só - Houve colaborações neste novo disco de músicos fora da Banda ?
Peter de Cuyper  - Sim e não (risos) porque o Tiago Albuquerque que produziu o disco juntamente com o Bruno Xisto já tocou quase todos os instrumentos nos BWGW, ele costumava “tapar os buracos” e sendo assim, foi uma participação exterior mas não exterior à banda, numa das musicas , Finishing Circles colabora com uma parte da letra, voz e teclas. No disco anterior tínhamos muitas participações externas mas desta vez não.

Cultura e Não Só - Quanto tempo demorou este disco a ser gravado ?
Peter de Cuyper - Nós fizémos dois ensaios na minha casa para decidir quais eram as músicas e para as estruturar depois fomos para estúdio durante vários fins-de-semana, podemos apontar para três meses entre todo esse processo.

Cultura e Não Só – Para terminar, gostaria de destacar alguma musica em especial?
Peter de Cuyper - Gosto muito do tema que dá título ao álbum. “Done” é muito curioso porque a ideia era eu e o Miguel Décio cantarmos isto juntos, mas ele gravou isto sozinho primeiro e mal ouvi percebi que estava posto na rua (risos) e acabou por ficar com a voz dele e eu apareço ali no fim um bocadinho, ficou espetacular. A letra é o meu adeus ao mundo é para tocar no meu funeral e ser ele a cantar. As pessoas dizem “ah, vais morrer…” eu não estou a pensar morrer já, mas tinha que escrever isto antes, escrevia-a agora por uma questão de logística, um bom timing belga (risos).