Existiu um movimento concelhio peninsular, não no sentido de política administrativa ou de organização do território impulsionada de cima por monarcas e senhores mas no de forças sociais e políticas organizadas de baixo e por fim vitoriosas? Estaria a resposta nos forais, esses «livros de linhagens» da liberdade popular? A quem a iniciativa destes monumentos jurídicos? À aristocracia senhorial?
Visariam os forais fins exclusivamente económicos, fiscais e administrativos, na intenção expressa de povoar e defender o território, ou resultariam, tácita ou abertamente, desse movimento que irrompe de baixo? Isto é, o movimento concelhio impôs-se ou não com o impacto e as armas de uma verdadeira revolução?
Não é o que inculcam as transformações sociais que se escondem por trás do formulário jurídico? Mas acaso os concelhos teriam alcançado a força de órgãos do poder político? Constituiriam verdadeiras comunas? O que se entende por comuna? De que classe ou classes serão então estas comunas ou concelhos o instrumento? Mas haveria mesmo classes sociais ou apenas ordens? Constituiriam comunas todos os concelhos? Que acontecimentos são marcados pela mesma força?
Por exemplo, que relações tem o movimento concelhio com os episódios da Reconquista? Que esclarecem eles sobre o povoar e o ermar?
António Borges Coelho nasceu em Murça, Trás-os-Montes, em 1928. O seu percurso de vida é caracterizado por uma intensa atividade política e académica. É hoje um dos historiadores portugueses mais prestigiados. Professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, dedica-se à investigação no campo da História desde 1957. Tem em curso a edição de uma “História de Portugal”. A sua bibliografia inclui poesia, ficção, ensaio e teatro.
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