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sábado, 4 de janeiro de 2020

Crónica "Sobre isto e aquilo" - Deolinda Laginhas


Os “novos” Loucos Anos 20

Há precisamente um século, iniciava-se uma louca viagem em direção ao modernismo, à evolução científica e tecnológica, à arte, à moda.
O pós-guerra libertou as mulheres dos espartilhos físicos e sociais. As saias subiram, os cabelos encurtaram e as calças, antes exclusivas de um mundo puramente masculino, passaram a vestir pernas mais femininas.  

O cinema, até então arte menor, começou a ter voz, e elevou ao Olimpo nomes como Rodolfo Valentino, Chales Chaplin, Greta Garbo. E as pessoas começaram a sonhar…
A arte começou a ter preocupações funcionais e democráticas e a Art-Déco impõe-se, num estilo que iria influenciar de forma transversal a arquitetura e o design nas suas várias vertentes.
As inovações tecnológicas saltam freneticamente dos laboratórios industriais para fazer face a um consumo crescente e cada vez mais massificado de eletrodomésticos, automóveis, rádios, da aviação comercial.  

Passados 100 anos sobre o imaginário retratado pelo Great Gatsby, encontramo-nos hoje no limiar de uma nova Era muito mais excitante, mas, com mais e maiores desafios sociais, legais e políticos.
A evolução tecnológica está hoje no limiar dum futuro ainda inimaginável. Sabemos, que a utilização crescente da inteligência artificial permitirá produzir mais e melhor, substituindo definitivamente a força braçal pela força robótica, o intelecto humano pela inteligência das máquinas que se tornarão aptas a substituir-nos nas tarefas mais básicas mas também nas mais complexas, com um grau de falibilidade imensamente inferior ao nosso.

Em pouco tempo, deixará de ser estranho sermos conduzidos por ninguém, ou alguém nos avisar de que a validade do leite no frigorífico já passou expirou. Deixaremos de tratar o braço robótico que nos operou ao cérebro por Senhor Doutor, mas ficar-lhe-emos eternamente gratos pela precisão do bisturi.
Sentir-nos-emos muito mais seguros a andar pela rua, porque sabemos que há câmaras de reconhecimento facial em cada esquina, ou, que qualquer acto terrorista pode ser imediatamente evitado pelo acionamento de armas autómatas de precisão sem qualquer dano colateral. Bastará a picada letal de uma “abelha”.
Saberemos que o nosso processo de candidatura não terá qualquer tipo de avaliação discriminatória por qualquer funcionário preconceituoso (desde que o nosso código-postal, origem, sexo, experiência, passado, redes sociais, conta bancária…, não sejam uns dos marcadores utilizados pelo algoritmo na identificação da árvore na floresta aleatória). 

Afastada a desconfiança inicial, a evolução tecnológica é inevitável, indiscutivelmente positiva, em processo de aperfeiçoamento constante, e levar-nos-á a uma dimensão de conhecimento que porá necessariamente em causa verdades até então absolutas, abrindo novos mundos ao mundo. 
Resta saber, como irão as instituições, e o direito em particular, enfrentar os desafios que o futuro lhes reserva. 
O futuro começa, agora!

Apresentação Deolinda Laginhas

O meu nome é Deolinda Laginhas, 47 anos.
Desde sempre apaixonada pelas relações internacionais, área em que inicialmente me formei, descobri posteriormente o direito, tendo-me licenciado em solicitadoria, profissão que tenho vindo a exercer.
Sendo as minhas várias áreas de interesse, indissociáveis na minha forma de ver o mundo, procuro nesta crónica falar “sobre isto e aquilo”, procurando temas que pela sua actualidade e importância legal ou social mereçam aqui ser abordados.