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quinta-feira, 16 de julho de 2020

Lang Lang grava as monumentais “Variações Goldberg” de Bach



Lang Lang concretizou um sonho de uma vida ao gravar a obra monumental para cravo “Variações Goldberg” de Johann Sebastian Bach, geralmente descrita como "um Evereste musical". O disco será lançado com o selo da Deutsche Grammophon no dia 4 de Setembro, e é composto por duas apresentações complementares do pianista: a primeira foi gravada num único concerto na Igreja de São Tomás, em Leipzig, onde Bach trabalhou durante quase 30 anos e onde se encontra o seu túmulo; a segunda teve lugar pouco tempo depois, na reclusão do estúdio. As duas gravações podem ser compradas juntas, como parte de uma edição super deluxe.

"Tenho 38 anos e, embora não seja velho, acho que chegou a hora de iniciar uma nova etapa no meu desenvolvimento artístico", comenta Lang Lang. "Mudei-me para um novo território com as ‘Variações Goldberg’. Mergulhei totalmente neste projecto. O meu objectivo enquanto artista é continuar a tornar-me mais autoconsciente e conhecedor, além de continuar a inspirar outras pessoas. É um processo contínuo, mas este projecto levou-me um pouco mais além."
A longa viagem do pianista pela alma de um dos maiores marcos da cultura mundial começou com aulas, ainda em criança, em torno da música de Bach na sua terra natal, China. O músico tinha apenas 17 anos quando tocou as “Variações Goldberg” de memória para o maestro e pianista Christoph Eschenbach, uma experiência inesquecível para os dois músicos. Lang Lang procurou, posteriormente, aconselhamento especializado dos principais intérpretes da música do compositor, nomeadamente do maestro Nikolaus Harnoncourt e do cravista Andreas Staier, entre outros.

Tendo permitido que a sua relação com esta obra evoluísse naturalmente ao longo do tempo, Lang Lang sentiu-se finalmente pronto para gravar a grande Ária de Bach e as 30 variações. No início de Março de 2020, pouco antes de iniciar as gravações em estúdio, o pianista deu um concerto, em Leipzig, onde interpretou de forma comovente esta obra. "Tocar na Igreja de São Tomás, onde Bach está sepultado, foi incrivelmente emocionante para mim", lembra. "Nunca me senti tão próximo de um compositor quanto senti naquele recital. A versão ao vivo é muito espontânea, enquanto na versão de estúdio a minha forma de tocar é diferente – muito ponderada e reflexiva. Em concerto, vives esta obra de 100 minutos como um todo. No estúdio, podes-te concentrar em detalhes e nuances individuais e, como é óbvio, isso pode afectar a experiência musical de maneira substancial.”

Acredita-se que Bach tenha escrito as “Variações Goldberg” para o seu aluno, um virtuoso adolescente do cravo chamado Johann Gottlieb Goldberg. O primeiro biógrafo do compositor relatou que a peça foi encomendada pelo embaixador russo na corte de Dresden, como um trabalho "calmante e alegre" para o jovem Goldberg tocar durante a noite. Publicado no final de 1741, esta obra exige foco espiritual total do artista.