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terça-feira, 8 de setembro de 2020

A mentira que mudou o rumo de um país e de um continente


Tempos Duros é um thriller histórico e político que assinala o regresso de Mario Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura, aos temas dos seus livros mais importantes. O novo romance do escritor peruano decorre na Guatemala, em 1954, quando o golpe militar orquestrado pelos Estados Unidos através da CIA provoca a queda do governo reformista eleito. De forma notável, Vargas Llosa mostra como a verdade foi sacrificada e a mentira mudou o rumo de um país e de um continente.

Jacobo Árbenz, líder moderado e democraticamente eleito, foi acusado pelos seus oponentes (em conluio com o governo de Eisenhower e em defesa dos interesses económicos norte-americanos na América Central) de encorajar a entrada do comunismo soviético na Guatemala.

Neste romance apaixonante, Vargas Llosa revela-se no melhor da sua mestria romanesca e funde a realidade com duas ficções: a do narrador que livremente recria personagens e situações; e a que foi desenhada por aqueles que quiseram controlar a política e a economia de um continente, manipulando a sua história, pondo e dispondo da vida de países que tentaram caminhos independentes.

Sobre o Autor

Mario Vargas Llosa nasceu em Arequipa, no Peru, em março de 1936. Aos 17 anos decide estudar Letras e Direito e, no ano seguinte, casa com a sua tia Julia Urquidi — assegurando a subsistência com trabalhos muito diversos, desde conferir e rever nomes de lápides dos cemitérios até escrever para rádio ou catalogar livros. Graças a uma bolsa, em 1959 abandona o Peru e ingressa na Universidade Complutense de Madrid, onde faz provas de doutoramento, fixando-se de seguida em Paris. Sempre próximo da penúria, foi locutor de rádio, jornalista e professor de espanhol — tinha publicado apenas um primeiro livro de contos. Regressa ao Peru em 1964, divorcia-se de Julia Urquidi e casa no ano seguinte com a sua prima Patricia Llosa, com quem parte para a Europa em 1967, tendo vivido até 1974 na Grécia, em Paris, Londres e Barcelona — após o que regressa novamente ao Peru. O seu afastamento em relação ao regime de Havana (que visitara pela primeira vez em 1965) irá marcar toda a sua biografia política e literária a partir de 1971. Em Lima pode, finalmente, dedicar-se em exclusivo à literatura e ao jornalismo, nunca abandonando a intervenção política que o levou, em 1990, a aceitar candidatar-se à presidência da República. Depois da derrota eleitoral passou a viver em Londres e, mais recentemente, entre Paris e Madrid, escrevendo romances, ensaios literários, peças jornalísticas e percorrendo o mundo como professor visitante em várias universidades. Entre os muitos prémios que recebeu contam-se o Rómulo Gallegos (1967), o Príncipe das Astúrias (1986) ou o Cervantes (1994). Foi distinguido com o Prémio Nobel da Literatura em 2010.