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quarta-feira, 7 de abril de 2021

O que vale a verdade em tempo de ódio e notícias falsas?


Chega amanhã às livrarias o livro de Patrícia Campos Mello, uma das mais conceituadas jornalistas da atualidade, que nos últimos dois anos foi alvo de uma «campanha de ódio» por parte do governo de Jair Bolsonaro. A repórter e colunista da Folha de S.Paulo expôs, durante as eleições brasileiras, o uso massivo do WhatsApp na difusão de propaganda política e disseminação de fake news. A edição portuguesa de A Máquina do Ódio, com prefácio do jornalista Ricardo Costa, está disponível a partir do dia 8 de abril.  

A Máquina do Ódio mostra de que forma as redes sociais são manipuladas por líderes populistas e as campanhas de difamação funcionam como uma censura trabalhada por exércitos de trolls, depois espalhados por robôs no Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp.

Os bastidores dessas reportagens, bem como os ataques de que Patrícia Campos Mello foi alvo, servem de moldura para um quadro mais amplo sobre a liberdade de imprensa no mundo, numa prosa simultaneamente pessoal e objetiva. Acompanhando eleições na Índia, nos EUA e no Brasil, mas também campanhas violentas na Venezuela, Nicarágua ou Hungria, a repórter mostra como combate e que armas possui esse   exército de trolls na sua guerra contra a verdade. Relato envolvente e desafiante de um dos capítulos mais turbulentos de história mais recente das democracias, A Máquina do Ódio é também um manifesto em defesa da informação.

«Uma jornalista que escreveu um artigo factual e indesmentível foi quase levada numa enxurrada de realidades alternativas e mentiras, lançadas de forma sistemática, organizada e metódica. Patrícia Campos Mello podia ter feito deste livro uma vingança ou um acerto de contas, mas manteve-se sempre num campo que ninguém nos gabinetes de ódio percebe ou quer perceber. É uma história terrível, um exemplo, uma lição e, acima de tudo, um guia para atualizar os fundamentos das democracias modernas.» Ricardo Costa, prefácio de A Máquina do Ódio.

«É necessário ler este livro para entender os desafios atuais da democracia no mundo.», Jason Stanley, autor do livro Como Funciona o Fascismo. 

«Para entender a natureza dos riscos que ameaçam a democracia brasileira hoje, é preciso seguir o rastro da conspiração digital que simula movimentos de apoio popular e fabrica ódio contra pessoas e instituições. O livro de Patrícia Campos Mello desvenda esse mundo das sombras com um texto envolvente e esclarecedor. Recomendo fortemente a leitura. E quanto antes, melhor.», Miriam Leitão, O Globo.

Sobre a Autora

Patrícia Campos Mello (1974) é formada em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e tem mestrado em Jornalismo Económico pela Universidade de Nova Iorque, onde recebeu uma bolsa de estudos. Foi correspondente em Washington do jornal O Estado de S. Paulo de 2006 a 2010. Fez reportagens sobre a crise económica nos EUA e, entre outras, cobriu as eleições americanas de 2008, 2012 e 2016, e as indianas de 2014 e 2019, além dos atentados do 11 de Setembro ou a Guerra do Afeganistão. Atualmente é repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo, além de comentadora da TV Cultura. Em 2018 ganhou o Grande Prémio Petrobras de Jornalismo e o Prémio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha; em 2019, o Prémio Internacional de Liberdade de Imprensa (Comité para a Proteção de Jornalistas), o Prémio Especial Vladimir Herzog e o Grande Prémio Folha de Jornalismo; recebeu ainda, em 2020, o Prémio Maria Moors Cabot. É autora do livro Lua de Mel em Kobane, sobre um casal que conheceu na Síria e que sobreviveu ao cerco do Estado Islâmico. Em 2018 publicou uma série de reportagens sobre operações de desinformação pelas redes sociais e uso ilegal do WhatsApp para manipular a opinião pública no Brasil. As reportagens levaram o Tribunal Superior Eleitoral a agir e o WhatsApp a admitir, pela primeira vez, que a plataforma foi usada de forma maciça nas eleições brasileiras. O presidente Jair Bolsonaro processou a repórter, exigindo que ela revelasse a identidade das suas fontes – e perdeu o processo. Patrícia Campos Mello processou Bolsonaro e o seu filho Eduardo, por danos morais e por terem espalhado e amplificado ofensas de cunho sexual nas redes sociais.