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segunda-feira, 12 de abril de 2021

Opinião: «A Estreia do Auto da Índia»

O professor, historiado e escritor João Paulo Oliveira e Costa acaba de lançar "A Estreia do Auto da Índia" através da editora Temas e Debates.

Com uma longa obra literária o escritor leva-nos neste romance histórico ao ano de 1509, tendo como ponto de partida a cidade de Almada e a chegada de Gil Vicente e a sua trupe de atores que se preparam para estrear o Auto da Índia.

Vindo da Índia, Zeferino encontra  a sua esposa casada com o sobrinho do alcaide; o degredado percebe então que a sua morte tinha sido anunciada havia sete anos. E, embora seja atirado de novo para os calabouços, Zeferino não desiste da sua Filipa. No mesmo dia começam a chegar à vila Gil Vicente e os atores que iriam representar dentro de poucas semanas o Auto da Índia. Atores, atrizes e auxiliares preparam a peça de enredo imprevisto sob a atenção de uma fidalga empertigada e por entre jogos de sedução de desfechos inesperados e por vezes infelizes. A protagonista do auto é uma cristã-nova, de memórias tristes, que tem o seu marido na Índia. Entretanto, o desassossego toma conta da vila: Vasco de Melo, chefe dos espiões d’el-rei, e os seus auxiliares montam o cerco a um pirata e em poucos dias ocorrem quatro assassinatos, envoltos num mistério insolúvel; a única pista é uma velha, logo transformada em bruxa, mas o alcaide também levanta suspeitas. Finalmente, a vila sossega e a rainha D. Leonor assiste à estreia do Auto da Índia sem saber que perto de si está a pessoa responsável pelos terríveis quatro crimes que atemorizaram a vila; enquanto isso, uma nau da Índia chega a Cascais e o enredo teatral torna-se realidade.

O historiador traz-nos desta forma um romance que nos faz viajar no tempo ao período áureo dos descobrimentos portugueses.

A sua descrição do tempo, espaço, e pessoas é de tal forma detalhada e bem conseguida que ao ler cada página sentimo-nos envolvidos como se nós mesmos fossemos parte desta trama.

Numa altura em que todos precisamos de desligar e abstrair do tempo difícil em que vivemos "A Estreia do Auto da Índia" é o escape ideal.