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segunda-feira, 3 de maio de 2021

Trio de Mynda'Guevara, DJ Firmeza, João Grilo no TBA

Mynda’Guevara, DJ Firmeza e João Grilo são três artistas que se têm destacado em áreas musicais distintas, ainda que todas diretamente ligadas à cultura urbana: o rap, a música eletrónica e o jazz. A convite do TBA, juntam-se em palco pela primeira vez para apresentar o resultado de um processo de busca de um espaço comum de linguagem. Juntos, transpõem para a música aquela que tem sido a discussão em torno do fluxo dos movimentos e tensões das periferias e das suas identidades artísticas. A forma como expressões intimamente vinculadas aos seus locais de criação se projetam na produção de novas formas de música popular, como é o caso da síntese de ritmos e formas musicais produzidas pela diáspora africana em Lisboa, é a base deste convite. Neste caso, a colaboração materializa-se no talvez improvável cruzamento do rap crioulo e politicamente comprometido (enquanto mulher e enquanto afrodescendente) de Mynda’Guevara, com a percussão eletrónica de DJ Firmeza, produzida a partir da Quinta do Mocho e que tem chegado a todo o mundo através da Príncipe Discos, e a exploração e improvisação alicerçada no jazz e na folk onírica do pianista portuense João Grilo.


Mynda’Guevara

Vinda do bairro da Cova da Moura em Lisboa, Mynda’Guevara carrega no nome e na atitude uma sede de revolução que está intimamente ligada ao papel ainda muito minimizado das mulheres no rap. O seu Rap, em crioulo, como forma de expressão verdadeira e emancipatória, tem vindo a conquistar uma posição de respeito, por força de uma lírica em reflexo do seu papel enquanto mulher, afro-descendente e rapper no seio de uma sociedade estratificada.

DJ Firmeza é um mago a tocar a sua música ao vivo no domínio de enredos percussivos de uma outra dimensão, do mais pronto a conduzir uma pista de dança rumo ao transe comunal que sem esforço o seu âmago espiritual convoca. Nascido em Portugal de ascendência angolana e carismático residente no bairro da Quinta do Mocho, Fifaz destacou-se como uma presença regular no circuito apelidado da Noite Africana na Grande Lisboa e nas festas mensais Noite Príncipe no Musicbox.


Cofundador da crew Piquenos DJs do Guetto, viu editado o EP em vinil B.N.M. / P.D.D.G. na Príncipe no final de 2013, que recebeu atenção elogiosa da crítica musical nacional e internacional. Em 2015, saiu o seu mui aguardado EP Alma do meu pai em nome próprio na Príncipe, um autêntico caso de clássico instantâneo, tamanha vida e realidade revelada em ritmos & sons. Há dois anos chegou finalmente o sucessor Ardeu, novo avanço entusiasmante, incluindo fogosas animações vocais num par de temas, na sua expressão afro technómica crua e minimal.


Desde 2014 tem tocado regularmente pelo Velho Continente, com atuações épicas veraneias no terraço do Schinkel Pavillon em Berlim, num pavilhão geodésico num bosque na Suíça ou numa festa no Pavilhão da Alemanha na Bienal de Arquitetura de Veneza, para além de festivais como o Lowlands na Holanda ou RBMA Festival em Los Angeles, e digressões nos Estados Unidos, Canadá, México, China e Coreia do Sul.


No final de 2017 viu estreado online o filme Pai Nosso, uma curta ficção – ensaio a partir da sua vida quotidiana realizada pelo nova-iorquino Clayton Vomero, e mais recentemente contribuiu com música para a campanha The World Isn’t Everything para a colecção SS2020 da marca Telfar.


João Grilo é um pianista e compositor, que desenvolve trabalho em vários géneros musicais, influenciado pela música clássica contemporânea, o jazz e a música eletrónica. Para além disso mantém uma atividade que relaciona a música com as outras artes, tendo cocriado a sonoplastia da peça de dança Coexistimos de Inês Campos, Fios de Terra com a companhia DEMO e tendo trabalhado no seu mais recente projecto HVIT com o videasta Miguel C. Tavares. Está a tornar-se um músico cada vez mais ativo na cena musical portuguesa e colabora com artistas nacionais e internacionais como Christian Meaas Svendsen, Demian Cabaud, Pedro Melo Alves, João Hasselberg, Jo David Meyer, Quarteto Contratempus.


Lançou dois álbuns de composições originais, Como se chama o teu disco? (2016) e HVIT, 2019, com o carimbo Porta-Jazz. Participou como intérprete noutros álbuns como Aparicion, de Demian Cabaud, More Fun Please, Pal Nilson Love, e Voa a Pé de Retimbrar.


Um dia sonhou que brilhava da barriga. Na noite anterior, tinha visto um documentário sobre bioluminescência e desde então que é inteiramente apaixonado por esse fenómeno.


Voz e texto: Mynda’Guevara

Eletrónica: DJ Firmeza

Piano: João Grilo

Fotos: Diogo Simões


qui 6 maio 19h

Sala principal

12€ • Menores de 25 anos: 5€

Duração 50 min. • M/6