Foi na passada quinta-feira, dia 16 de março, que a Contraponto publicou O Dever de Deslumbrar – Biografia de Natália Correia, de Filipa Martins, o quinto volume da coleção de Biografias de Grandes Figuras da Cultura Portuguesa Contemporânea. Uma data simbólica, uma vez que neste dia se cumpriram 30 anos sobre a morte de uma das mais carismáticas e fascinantes poetisas portuguesas, e no ano em que se assinala o seu centenário.
Hoje, dia 20 de março, às 18h30, a SPA – Sociedade Portuguesa de Autores acolhe a sessão de lançamento deste livro em Lisboa. Caberá a Lídia Jorge a apresentação desta obra, leituras de Teresa Tavares e poemas de Natália Correia cantados por Mia Tomé.
Sobre o livro
Natália: por vezes fêmea, por vezes monja, uma mulher de carisma paralisante.
Intimidando pela verve de aríete e pela beleza, Natália Correia simbolizou, como poucos, as inquietações do século XX
português. Precoce e radical no pensamento feminino, vítima de efabulações e de mitos, incompreendida e amada,
lançou um olhar oracular sobre o seu tempo. Em tertúlias, que eram verdadeiras olimpíadas da confraternização lisboeta,
o seu traço aglutinador envolvia, juntamente com o fumo dos cigarros, intelectuais e admiradores, que se irmanavam
com párias e malditos em ideias e poemas de vanguarda.
Mulher deslumbrante e carismática, equiparada às maiores pensadoras europeias e às estrelas de Hollywood, atacou o
Regime onde mais lhe doía – na moral caduca –, elegeu o erotismo como arma política e tornou-se a autora mais
censurada da ditadura. Já no bar que fundou em Lisboa, fez e desfez governos à batuta da sua boquilha.
Nesta biografia, da autoria de uma das vozes mais seguras da nova literatura portuguesa, convivem a libertária e a
conservadora, avessa a expor a sua atribulada vida íntima, a mulher que desprezava a política partidária e que nela viveu,
inclusive como deputada; o espírito frágil e o temperamento intempestivo; o polémico exercício de funções diretivas
em órgãos de imprensa e a defesa intransigente das causas maiores; e em todas as páginas, as contradições e coerências
de uma pensadora capaz de criar para si própria uma narrativa que não a torturasse pelas escolhas que fez.
Sobre a Autora
Filipa Martins nasceu em Lisboa, em 1983, e é uma premiada escritora, romancista e argumentista. Recebeu o Prémio
Revelação, na categoria de Ficção, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), com Elogio do Passeio
Público, o seu primeiro romance. Obteve ainda o Prémio Jovens Criadores do Clube Português de Artes e Ideias com
«Esteira». Em 2009, publicou o seu segundo romance, Quanta Terra. Em 2014, saiu pela Quetzal o seu terceiro romance,
Mustang Branco, a que se seguiu, com a mesma chancela, Na Memória dos Rouxinóis (2018), Prémio Manuel de Boaventura.
Finalista dos Prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, dedicou-se – nos últimos seis anos – a estudar a vida
e a obra de Natália Correia, tendo sido coautora de um documentário e coargumentista de uma série de televisão sobre
esta escritora açoriana.