Foi no passado sábado que José Cid subiu ao palco da mítica sala lisboeta para apresentar ao vivo e na íntegra um dos seus mais aclamados trabalhos da sua vasta carreira.
Antes de começar o alinhamento do álbum de 1978 o cantor fez-se acompanhar pelo seu "octeto" e apresentou cinco temas do seu ultimo trabalho dentro do rock sinfónico, “Vozes do Além”, o 25.º álbum de estúdio, que foi editado em 2021 e nas palavras do autor foi o primeiro álbum triplo em vinil deste milénio.
José Cid abriu com um poema de Federico García Lorca seguindo depois com outro poema de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Depois de um curtíssimo intervalo e já com a Orquestra Filarmonia das Beiras em palco chegou o tão esperado momento de começar a tocar aquele que é considerado um dos melhores álbuns de rock sinfónico a nível mundial e desta vez acompanhado pela orquestra que engrandece ainda mais a parte instrumental desta obra.
Durante o espetáculo José Cid foi fazendo uma introdução faixa a faixa para explicar o significado de cada uma das letras além disso também foi elucidando com quem tinha escrito cada uma das canções que compõem "10.000 anos depois entre Vénus e Marte".
Neste concerto houve um convidado muito especial, Guilherme Baptista, um dos finalistas do The Voice (RTP1) que acompanhou o veterano José Cid na faixa que dá titulo ao álbum. Outra voz que sobressaiu durante o concerto foi a de Samuel Henriques que além da bateria secundou sempre muito bem José Cid. O cantor esteve sempre a interagir com o público que em alguns temas cantou os refrões das canções.
Este álbum conta uma história com princípio meio e fim de um planeta Terra a renascer. Editado pela Orfeu em 1978, "10.000 anos depois entre Vénus e Marte" é um álbum de rock progressivo, uma ópera-rock e também um dos poucos álbuns de rock espacial em Portugal. Com base em ficção científica, o conceito é que, 10.000 anos depois da autodestruição da humanidade, um homem e uma mulher viajam de regresso para a Terra para a repovoar novamente.
O tom das músicas é de contemplação sobre os erros do passado da humanidade e de esperanças futuras. O álbum foi composto por José Cid, com ajuda em algumas músicas do guitarrista Mike Sergeant e do baterista Ramon Galarza. É uma viagem de rock sinfónico espacial dominada por mellotron, sintetizadores de cordas e outros, com suporte de guitarras, baixo e bateria. Este disco tem valido a José Cid o reconhecimento Internacional, sendo considerado pela critica uma verdadeira obra-prima, a prestigiada revista americana Billboard incluiu numa lista de 100 melhores álbuns de rock progressivo de todo o mundo de todos os tempos, mais recentemente também a Sputnik Music Magazine UK, especializada em rock progressivo, o coloca entre os 5 melhores álbuns de sempre.
Texto - Paula Marques
Fotografia - António Murteira da Silva