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terça-feira, 24 de setembro de 2024

Simone de Beauvoir escreve sobre os últimos anos de Jean-Paul Sartre



Inconformista, ambiciosa e socialmente empenhada, Simone de Beauvoir viveu uma história de amor de grande cumplicidade intelectual com o filósofo Jean-Paul Sartre. A Cerimónia do Adeus foi publicado depois da morte do parceiro de vida da escritora, cujas cinzas estão no cemitério de Montparnasse, em França. Esgotado há muito, regressa às livrarias a 26 de setembro.

«Este é o primeiro dos meus livros – sem dúvida o único – que você não terá lido antes de impresso. É-lhe inteiramente consagrado e não lhe diz respeito.» É aos amigos de Sartre que Beauvoir se dirige, «àqueles que desejam conhecer melhor os seus últimos anos». De 1970 a 1980, a escritora descreve o declínio de Sartre e a maneira como ele o encarou, o seu amor à vida, as suas posições políticas e a sua morte.

Nos anos de 1970, ainda se sentiam as ondas de choque do maio de 68, momento em que fora necessário repensar tudo. Beauvoir afirma que Sartre pensa contra si próprio e considera-o o «novo intelectual» (por oposição ao «clássico»), o que tende a fundir-se com as massas para fazer triunfar a «verdade universal». Em 1980, Sartre voltou-se para Deus. No mesmo ano, entrou em coma e morreu.

Sobre a Autora

Simone de Beauvoir nasceu em Paris, em 1908. Estudou Filosofia na Sorbonne, onde conheceu Sartre, companheiro de toda a vida e com quem viveu uma relação célebre pelos seus padrões de abertura e honestidade. No final da Segunda Guerra Mundial, editou a revista política Les Temps Modernes, fundada por Sartre e Merleau-Ponty, entre outros. Foi ativista no movimento francês de emancipação das mulheres, nos anos 1970, e serviu de modelo e de influência aos movimentos feministas posteriores. Simone de Beauvoir ganhou o Prémio Goncourt em 1954 com Os Mandarins. Morreu em Paris, em 1986.