Vivemos hoje num mundo cada vez mais globalizado e uma das tendências de abordagem da história é a história global, uma perspetiva que ultrapassa os limites das fronteiras nacionais, privilegiando as circulações e conexões que contribuíram para uma integração cada vez maior do mundo. Nesse sentido, a Temas e Debates publica a 16 de outubro uma obra pioneira da historiografia portuguesa: História Global de Portugal, dirigida pelos historiadores José Pedro Paiva e José Eduardo Franco e pelo físico e historiador da ciência Carlos Fiolhais.
Este é um livro que pretende oferecer um conhecimento crítico da história do nosso país, em que Portugal é o resultado de incontáveis dinâmicas de diálogo e de choque com outros lugares. Nesta síntese inovadora, encontramos uma visão aberta do nosso lugar no mundo. Portugal participou muito ativamente no que alguns chamam “primeira globalização”, com a inauguração, a partir do século XV, de rotas marítimas da Europa para a África, América do Sul e Ásia. Mas foi também recetor e emissor de inúmeras influências culturais, políticas, científicas, económicas e institucionais, que nos proporcionam uma visão da história que esbate os limites das fronteiras. Este entrelaçamento com diversas fronteiras pode ser realçado, aliás, logo na formação da nacionalidade: D. Afonso Henriques era filho de “estrangeiros”, uma leonesa e um borgonhês.
Escrito a pensar no grande público, apresenta modos inovadores de ver o “tempo português”. Trata-se da história política, institucional, geográfica, cultural, da ciência, económica, social, da arte, religiosa, etc., onde não faltam fenómenos históricos de impacto internacional ou até global como a peste negra, o tratado de Tordesilhas, revoltas de escravos, a chegada da Revolução Científica à Ásia, o grande terramoto de Lisboa, os jesuítas, a maçonaria, o vinho do Porto, a abolição da pena de morte, o santuário de Fátima, o bacalhau como mito nacional, Eusébio e o lusotropicalismo, o 25 de Abril e o Nobel atribuído a José Saramago.