terça-feira, 2 de maio de 2023

Reportagem - The Mission no LAV



Os The Mission regressaram na passada semana a Portugal para espetáculos em Lisboa e no Porto, o "Cultura e Não Só" teve um colaborador (e fã da banda) infiltrado entre o público no LAV em Lisboa. 
Leia abaixo a crónica que o Mário Louro escreveu sobre este regresso de uma banda mítica a solo nacional.



THE MISSION

E assim foi a passagem por Lisboa...

Uma grande expectativa desta grande banda inglesa de rock gótico tinha eu há já muito tempo, antes da era pandémica, e que por estas mesmas razões a sua actuação por terras nossas foram constantemente adiadas.
Digo expectativas porque, definitivamente foram todas superadas pelo melhor.
Numa sala pequena o LAV acolheu este concerto muito aguardado pelos inúmeros e dedicados fans portugueses.
Uma sala que se adequa a este tipo de género de som, intimista, acolhedora e mágica.

Na primeira parte tivemos uma banda portuguesa PHANTOM VISION, de um Dark Gótico que segue uma linha de BAUHAUS ou SISTERS OF MERCY, e que me surpreenderam pela qualidade das suas musicas como pela performance do seu vocalista, uma voz potente, grave e que me fazia lembrar um tal de Peter Murphy, restante banda Omnipresente de corpo e Alma, ao estilo deste género musical muito sério e de olhar penetrante. Contou com a presença da bailarina encarnando 3 figuras distintas e que dançou em 3 músicas, uma das quais envolvendo um véu dourado que envolvia o vocalista, e com movimentos rodopiantes, hipnotizantes de uma quase dança do ventre árabe, proporcionando um ambiente rico em atmosfera gótica, misteriosa e dando ênfase digo “brutal” à musica, com guitarras pesadas, batida sincopada, e sintetizador envolvente.
O publico acolheu muitíssimo bem esta banda, fazendo-o agradecer emotivamente, não obstante a expectativa da atração principal o qual o vocalista confessou estar ansioso de também os ver e estar no meio do público.

The Mission entraram em palco pouco tempo depois com Beyond the Pale, música que escolheram para entrada.
Uma estrondosa ovação aos Britânicos findada esta música, que agradeceram, claro está em português, durante o espetáculo o ambiente era notoriamente de culto, algo que não consigo explicar por palavras mas que senti desde o inicio até ao final. Os fervorosos fans nunca deixaram de apoiar durante todos os anos esta banda, numa fidelidade única. Algo raro.
Saliento esta banda estar sempre num contacto muito direto com os seus fans/público com concertos em salas pequenas mas de grande dimensão espiritual, para com The Mission. Vi uma sala repleta de pessoas maioritariamente na casa da meia idade, mas também algumas mais novas. O som era o que era numa sala destas dimensões, ouvia-se bem e de modo geral.



Durante a atuação da banda os muito cânticos ecoavam na sala pelos fans, que, aos ombros uns dos outros evocavam os espíritos como se de uma tribo à volta de uma fogueira se tratasse, foi realmente digno de se ver tal perseverança e dedicação a esta banda. Tal atitude era respondida por Hussey durante a sua performance, os fans evocavam, Hussey dava, Hussey respondia, Hussey entregava. Foi lindo demais. Uma atmosfera gótica fantástica dum público carinhoso que os recebeu tão bem.



Fora do alinhamento musical inicial, Hussey recebeu uma carta escrita de um fan do publico, Hussey leu a carta, e dizia mais ou menos assim: Somos um casal que estamos juntos há 30 anos e casados há 25, gostaríamos que nos cantasse Birds of Passage”, Waine Hussey dobrou a carta, voltou ao público e cantou a musica a solo, apenas ele a a sua guitarra, Meu Deus que maravilha de voz que entoação, que emoção. O publico acompanhou a letra, Hussey tocou a alma de muitos ali dentro.




Um encore de mais 3 canções, após ter saído e deixado o publico em êxtase a cantarolar DELIVERANCE, durante muito minutos à capela. Brilhante actuação, todos os maus espíritos foram afastados neste concerto, uma tribo que acredito que perdurará para sempre nesta atmosfera que são os THE MISSION.

Texto e fotos de Mário Louro