sexta-feira, 5 de maio de 2023

J. Rentes de Carvalho e o mistério que fica para lá do fim



«Oficialmente entrei hoje na velhice», escrevia J. Rentes de Carvalho na última entrada do diário que manteve entre 1994 e 1995, quando fez 65 anos. Agora, à beira dos 93 – que completa a 15 de maio –, a Quetzal reedita o livro que reúne esses textos recolhidos durante um ano, a que deu o título Tempo Contado, distinguido com o Grande Prémio de Literatura Biográfica APE em 2011. Um livro que escreveu para assinalar a transição de idade: «Dar-me conta de como o tempo de uma vida é um instante irrisório, a incerteza do que será o meu destino, o mistério do que fica para lá do fim.»

Entre Portugal e Holanda, Trás-os-Montes e Amsterdão, somos guiados pela intuição e a sensibilidade de J. Rentes de Carvalho, um dos grandes escritores portugueses do nosso tempo. Regressar e partir, estar num lado e viver no outro, visitando permanentemente a pátria mesmo quando se está longe dela. «Rentes de Carvalho leu-nos melhor do que algum dia poderemos reconhecer», nota Francisco José Viegas na nota biográfica de Tempo Contado.

«Pergunto-me como olharei para este [diário] se o destino me deixar chegar aos oitenta. Porque ingénuo já não sou. Romântico também não, e das ilusões guardo somente as precisas para com elas diluir um pouco as sombras do viver.»

Nas livrarias a 11 de maio.

Sobre o Autor

De ascendência transmontana, J. Rentes de Carvalho nasceu a 15 de maio de 1930, em Vila Nova de Gaia. Obrigado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris, trabalhando para vários jornais. Em 1956 passou a viver em Amsterdão, onde se licenciou e, entre 1964 e 1988, foi professor de Literatura Portuguesa na universidade. Dedica-se desde então exclusivamente à escrita e a uma vasta colaboração em jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses, além de várias revistas literárias. A sua extensa obra (de ficção, ensaio, crónica e diário) tem sido publicada em Portugal e na Holanda, sendo recebida com grande reconhecimento, quer por parte da crítica, quer por parte dos leitores em geral, tendo alguns títulos alcançado o estatuto de best-seller. Recebeu, em 2011, o Grande Prémio de Literatura Biográfica APE com o livro Tempo Contado, e, em 2013, o Grande Prémio de Crónica APE com Mazagran. Os seus livros estão atualmente disponíveis na Quetzal, que continuará a publicar o conjunto das suas obras. J. Rentes de Carvalho divide o seu tempo entre Amsterdão, na Holanda, e Estevais, Mogadouro – metade do ano em cada lugar.