quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Cuidar com dignidade: superando barreiras invisíveis no cuidado a idosos



Considerado um dos maiores desafios da atualidade, o envelhecimento da população traz consigo uma série de desafios que exigem uma abordagem renovada aos cuidados de saúde e ao diagnóstico. Os obstáculos que esta população enfrenta são vários, destacando-se o preconceito etário. “Um dos maiores desafios que as pessoas idosas enfrentam é o idadismo, o preconceito mais generalizado na nossa sociedade”, afirma Manuel Carrageta, presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia. Isto porque, confirma, “diminui as pessoas idosas em todos os aspetos da vida, mesmo nos cuidados de saúde, estereotipando-as como pessoas frágeis e fisicamente dependentes, tendo como consequência uma prestação de menos cuidados e piores resultados”. A propósito do Dia Mundial do Idoso, que se assinala hoje, a  GE HealthCare, em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, alerta para a importância do diagnóstico precoce e dos cuidados continuados, prevenindo situações em que “os adultos idosos, por causa da idade, têm menos probabilidade de receber o mesmo tratamento que os adultos mais jovens”, refere o especialista. 

Outro dos grandes desafios é, garante o especialista, a “solidão, uma epidemia com riscos significativos para a saúde, nomeadamente ao aumentar a ocorrência de vários problemas mentais e físicos, como a ansiedade, a depressão, a demência, o AVC, a doença cardíaca e o cancro. As consequências nocivas deste risco têm sido comparadas às de fumar e até se estima que superem as da obesidade e da inatividade física”.

O diagnóstico precoce configura uma oportunidade, mas nem sempre é fácil de alcançar. “As pessoas idosas assumem, muitas vezes erradamente, que com o envelhecimento é normal surgir cansaço, falta de ar com os esforços ou esquecimento e, por isso, não referem estes sintomas ao médico, o que leva ao atraso no diagnóstico e início da terapêutica”. 

De resto, refere o especialista, “a apresentação atípica da doença nos idosos é um dos grandes desafios da medicina geriátrica. É frequente que a primeira manifestação de um episódio de doença aguda seja sintoma não específico (queixas atípicas) que não chame a atenção para o órgão doente, o que torna o diagnóstico mais difícil”.

É o que acontece, por exemplo, com a insuficiência cardíaca, cujos sintomas clássicos são a falta de ar, cansaço e edemas. No entanto, nas pessoas “dominam os sintomas de fadiga, falta de forças, confusão mental, quedas, insónia, tosse não produtiva, etc. Há o risco de a pessoa se começar a cansar mais e atribuir esta queixa à idade, o que leva o doente a não ir atempadamente ao médico”, refere Manuel Carrageta. A esta dificuldade junta-se outra: “a interpretação dos sinais de insuficiência cardíaca nos adultos idosos é mais difícil”.

Se o papel do diagnóstico é essencial para melhorar a qualidade de vida na população mais idosa, não menos importante é a existência de um sistema de cuidados continuados de qualidade. Segundo Manuel Carrageta, este “permite que as pessoas idosas, que sofram um declínio significativo nas suas capacidades, recebam os cuidados e o apoio que necessitam para ter uma vida compatível com os seus direitos básicos, liberdades fundamentais e dignidade humana. Sem eles, os idosos correm o risco de sofrer um aumento do isolamento social, problemas de saúde mental, acidentes evitáveis e uma redução na duração e na qualidade de vida. Ao gerir as doenças crónicas e fornecer apoio consistente, os cuidados continuados de qualidade ajudam a prevenir problemas de saúde graves que poderiam levar a internamento hospitalar”.

Neste cenário de desafios enormes, a inovação tecnológica e científica torna-se uma espécie de farol: “apoia o diagnóstico e a vigilância médica por meio de dispositivos vestíveis que monitorizam os sinais vitais, sensores domésticos inteligentes que detetam quedas e automatizam tarefas, programas de IA que preveem problemas de saúde e plataformas de telessaúde que permitem consultas remotas. Essas inovações promovem a deteção precoce de problemas de saúde, apoiam a vida independente e melhoram a segurança e a conectividade social dos idosos”.

A GE HealthCare exemplifica esta abordagem inovadora, em que a tecnologia e o conhecimento facilitam um acompanhamento mais próximo, humano e sustentável. O objetivo é prolongar a vida com qualidade, apoiando soluções que promovam maior literacia em saúde e capacitem os sistemas de saúde a responder ao envelhecimento populacional. Nos últimos anos, a GE HealthCare tem desenvolvido ativamente ferramentas para cardiologia intervencionista, eletrofisiologia e radiologia intervencionista como procedimentos não invasivos, melhorando a qualidade de vida de pacientes idosos quando comparados com procedimentos cirúrgicos para tratar os mesmos problemas (vasculares e cardíacos) que têm uma prevalência muito alta em pessoas idosas. Rui Costa, Diretor Geral da GE HealthCare em Portugal, afirma que a empresa “está a fazer isso através de um forte foco em estratégias de redução de dose e no desenvolvimento de aplicações avançadas projetadas para otimizar fluxos de trabalho e reduzir o tempo dos procedimentos”.

Os avanços já existentes, como “os sensores vestíveis (smartwatches, monitores de fitness) e sensores domésticos inteligentes, capazes de recolher continuamente dados sobre os níveis de atividade, sinais vitais (frequência cardíaca, oxigénio no sangue, glicemia), fomentar a adesão à medicação, alertando os cuidadores ou profissionais de saúde para potenciais problemas, proporcionam uma rede de segurança vital para uma vida independente. Além da monitorização da saúde, auxiliam nas tarefas diárias, ajudam as pessoas idosas a manter as suas conexões, independência e qualidade de vida”.