Inaugura hoje, pelas 18h30, no Museu Nacional de Etnologia a exposição “Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades”, que estará patente ao público na sua maior sala de exposições temporárias até 2 de novembro de 2025.
A Exposição, co-organizada pelo Museu Nacional de Etnologia (Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E.) e o Centro de Estudos Sobre África e do Desenvolvimento (Instituto Superior de Economia e Gestão, UL), realiza-se no contexto da prioridade que o Museu confere ao estudo de proveniência das suas coleções extraeuropeias e da reflexão sobre o contexto colonial em que o museu foi fundado e procedeu à recolha das suas primeiras coleções, procurando o envolvimento do público e das comunidades na valorização e divulgação das suas próprias culturas.
Concebida e coordenada pela historiadora Isabel Castro Henriques, a Exposição visa apresentar as linhas de força do colonialismo português em África nos séculos XIX e XX. Tem como objetivos desconstruir os mitos criados pela ideologia colonial, descolonizar os imaginários portugueses e contribuir, de forma pedagógica e acessível, para uma renovação do conhecimento sobre a questão colonial portuguesa.
Dois eixos centrais estruturam a narrativa da Exposição. O primeiro eixo organiza-se em painéis temáticos, nos quais texto e imagem se articulam, pondo em evidência as linhas de força do colonialismo português dos séculos XIX e XX, e dando a palavra ao conhecimento histórico. O segundo eixo pretende “fazer falar” as obras de arte africanas, como evidências materiais do pensamento e da cultura africanas, evidenciando a complexidade organizativa dos sistemas sociais e culturais destas sociedades, permitindo mostrar a criatividade, a vitalidade, a sabedoria, a racionalidade, a diversidade identitária e as competências africanas e contribuindo para evidenciar e desconstruir a natureza falsificadora dos mitos coloniais portugueses.
Este segundo eixo da Exposição é constituído por uma seleção de 139 obras, repartidas entre coleções
do Museu Nacional de Etnologia, incluindo algumas peças em depósito da Fundação Calouste
Gulbenkian e do colecionador Francisco Capelo, e obras de arte africana contemporânea dos artistas
Lívio de Morais, Hilaire Balu Kuyangiko e Mónica de Miranda.
Realizada no âmbito das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, este projeto resulta das pesquisas
desenvolvidas pela equipa de cerca de trinta investigadores que nele colaboraram, tendo igualmente
contado com o indispensável contributo de muitas entidades, nacionais e estrangeiras, que cederam a
profusa documentação iconográfica apresentada nos painéis explicativos em torno dos quais se
desenvolve a narrativa da exposição.
A Comissão Executiva da Exposição é presidida por Isabel Castro Henriques e integrada por Inocência
Mata, Joana Pereira Leite, João Moreira da Silva, Luca Fazzini e Mariana Castro Henriques, e a sua
Comissão Científica, igualmente presidida por Isabel Castro Henriques, é constituída por 20 elementos,
entre os quais António Pinto Ribeiro, Aurora Almada Santos, Elsa Peralta, Isabel do Carmo e José Neves.
A museografia, instalação e apresentação ao público da totalidade das obras das coleções do Museu
Nacional de Etnologia foi assegurada pela própria equipa do Museu, que igualmente assegurou a
produção da exposição, com a colaboração da equipa da Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E.
De entre o programa paralelo a desenvolver entre 2024 e 2025 no âmbito deste projeto, destaca-se a
realização de exposição itinerante, de caráter exclusivamente documental, que circulará por escolas e
centros culturais em Portugal, assim como em diversos espaços de língua portuguesa, em África e no
Brasil. Ainda em 2024 terá início, no âmbito desse programa paralelo, o ciclo Cinema e Descolonização,
com projeções de filmes relacionados com a realidade pós-colonial, a decorrer no ISEG e no Museu Nacional de Etnologia, encontrando-se prevista a realização de outras ações de caráter científico,
nomeadamente Conferências e Colóquios, também em parceria com outras entidades.
A realização da exposição é acompanhada pela edição de livro homónimo, publicado pelas Edições
Colibri, em cujas 344 páginas os c. de trinta investigadores que colaboraram neste projeto desenvolvem
os vários temas abordados na exposição.