segunda-feira, 28 de outubro de 2024

O romance proibido de Nélida Piñon



A Casa da Paixão, de Nélida Piñon, não é um livro para pessoas sensíveis. Sobre ele, disse Carlos Drummond de Andrade: «Que força de raiz em A Casa da Paixão, que esplendor de vida impetuosa e gritando por todas as palavras!».

Esta é a história de Marta, a jovem protagonista, que vive entre o desejo incestuoso do pai e uma ama submissa, num meio natural que é espaço de libertação, mas também de luta contra o ambiente sufocante da casa paterna. Quando chega Jerônimo, o pretendente escolhido pelo pai para a subjugar à sua vontade, grandes mudanças se avizinham.

Publicado pela primeira vez em 1972, em plena ditadura militar no Brasil, A Casa da Paixão marcou pela forma como trata a sexualidade feminina. Um livro «livre», um livro-desafio, num país «sufocado por um regime de terror». Foi proibido logo após a sua publicação, só regressando às livrarias algum tempo depois.

 Nas palavras de Inês Pedrosa, que assina o prefácio da primeira edição em Portugal, pela Temas e Debates, A Casa da Paixão é «um romance destemidamente erótico e sem biombos sentimentais. Um romance que faz da língua portuguesa uma experiência libidinosa. Um romance que pega no registo da narrativa clássica – introdução, desenvolvimento e clímax – para o fazer explodir, e, explodindo, recomeçar a pensar».



A Casa da Paixão chegou às livrarias a 3 de outubro. No próximo dia 6 de novembro, quarta-feira, pelas 18h30, será apresentado na Sala Âmbito Cultural (piso 6) do El Corte Inglés de Lisboa o livro A Casa da Paixão, de Nélida Piñon. A apresentação estará a cargo de Inês Pedrosa.

Sobre a Autora

Nélida Piñon (Rio de Janeiro, 1937 – Lisboa, 2022). Nascida numa família originária da Galiza, formou-se em Jornalismo em 1956 na Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professora catedrática da Universidade de Miami desde 1990 e doutor honoris causa das universidades de Santiago de Compostela, Rutgers e Montreal, entre outras, foi a primeira mulher a presidir à Academia Brasileira de Letras em 1996. Em 2004 tornou-se membro da Academia das Ciências de Lisboa. A sua extensa produção literária, traduzida em diversas línguas, foi distinguida com numerosos galardões, entre os quais o Prémio Walmap (1969); o Prémio Mário de Andrade (1972); o Prémio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe (1995); o Prémio da Associação Paulista dos Críticos de Arte e o Prémio Ficção Pen Clube (ambos em 1985); o Prémio Iberoamericano de Narrativa Jorge Isaacs (2001); o Prémio Rosalía de Castro (2002); o Prémio Internacional Menéndez Pelayo (2003); o Prémio Jabuti para o melhor romance (2005) por Vozes do Deserto; e o Prémio Literário Casa de las Americas (2010) por Aprendiz de Homero. Em 2005, recebeu o importante Prémio Príncipe das Astúrias das Letras pelo conjunto da sua obra, o primeiro escritor de língua portuguesa a consegui-lo. Em 2015, recebeu o Prémio El Ojo Crítico Iberoamericano, concedido pela Rádio Nacional de Espanha.