O Teatro Experimental de Cascais estreia hoje mais um espetáculo, que terá lugar no Teatro Municipal Mirita Casimiro, irá estar em cartaz até 27 de Julho de 2025. Estará em cena de Terça a Sábado às 21h e Domingo às 16h.
Encenado pela atriz e encenadora Ana Nave, com dramaturgia de Miguel Graça, a escolha deste texto, que funcionará como Prova de Aptidão Profissional dos alunos finalistas da Escola Profissional de Teatro de Cascais, deveu-se a vários fatores: o texto em questão é de uma autora portuguesa de reconhecido valor artístico e literário – Natália Correia, que sendo defensora da Arte e da Mulher, manteve uma forte amizade com Carlos Avilez, que já tinha encenado este texto há cerca de 40 anos com bastante êxito e enorme importância para o seu percurso profissional. Neste espetáculo, juntam-se aos atores da casa - Luiz Rizo, Teresa Côrte-Real e Sérgio Silva - trinta e oito jovens finalistas, num espaço de partilha único, que já é habitual e reconhecido neste espetáculo de verão no Teatro Experimental de Cascais.
“O Encoberto” conta a história de um ator, Bonami, que se faz passar por D. Sebastião. Apesar da narrativa ter o mito Sebástico como tema centralizador, Natália Correia não confinou a ação histórica à crise dinástica de 1580. Pelo contrário, o reinado filipino funciona apenas como paisagem simbólica da obra, uma vez que este se desvanece na intemporalidade do mito para dar espaço ao desenvolvimento de uma ação sobre um povo que vive numa situação de privações, impossibilitado de governar a sua própria vida. A peça de Natália Correia escrita em três atos, transporta-nos a várias dimensões de metateatralidade, onde o tempo verbal aproxima o histórico do atual. Alimentado pela ironia, o texto tem uma certa ambiguidade, à medida que trabalha com o tempo real, que é o tempo da representação, e o tempo abstrato, que é puramente imaginário. Escrito por vezes em forma de poesia, evidencia ainda mais o tom irónico do texto, pontuado pela encenação em momentos cantados e de cabaré. A ficção e os factos históricos misturam-se, cruzam-se à medida que a ação na narrativa se desenvolve. Natália Correia consegue reunir mito e realidade, vida e representação em simultâneo.
A peça terá uma sessão reservada a uma conversa com o público, no dia 20 de Julho e ainda uma sessão com Língua Gestual Portuguesa, no dia 26 de Julho.