sábado, 21 de março de 2020

Crónica "Sobre isto e aquilo" - Deolinda Laginhas


Têm sido várias as medidas legislativas tomadas para fazer face à situação extraordinária que vivemos.

Tudo isto, como tem sido exaustivamente repetido por membros do governo para evitar o desmoronamento da sociedade como a conhecemos. Uma sociedade que se baseia em exclusivo na produção e no consumo. É pois necessário manter activos os meios de produção e a capacidade de consumo para que o sistema económico não colapse.

Mas do mundo chegam-nos relatos de uma natureza, que aliviada pela pressão industrial e turística começa a renovar-se e a reclamar o que é seu. Cisnes que se substituem às gôndolas nos canais de Veneza, peixes que se aventuram por águas antes interditas, redução da poluição ambiental para níveis inimagináveis há três meses atrás. 

E de repente, tudo o que os governos consideravam impossível de atingir a nível ambiental, aconteceu! Não pela pressão de ecologistas, activistas ambientais, ou pelas Gretas desta vida, mas pela acção implacável e silenciosa de um “não ser”, como alguém já lhe chamou.  

Já tão perto do limite de saturação ambiental, 2020 era visto como o ano limite para mudar o curso do mundo, antes de chegarmos ao ponto do não retorno. Nature,  moves in  mysterious ways…

Levámos uma chapada de humildade, de insignificância perante um mundo, um universo infinitamente maior do que nós, ainda que se apresente numa versão microscópica.

Perante a angústia, a incerteza e o medo, cresce em nós o desejo romântico do renascer de um mundo diferente. Mais solidário, mais equilibrado, mais centrado nas pessoas e no respeito pela natureza. Mas quantos de nós estão preparados para a mudança? Poucos, muito poucos.

A solidariedade e equilíbrio que reclamamos também passa pela nossa acção enquanto indivíduos. Pode, e deve passar por um consumo responsável não só do papel higiénico (ainda não consegui entender o fenómeno), mas também dos recursos do estado, até porque, o estado somos todos nós e os recursos são finitos.

Foram já aprovadas diversas medidas extraordinárias de apoio aos trabalhadores, às famílias e às empresas. Nem todas são justas, há muitas actividades esquecidas, mas todas as medidas deviam de ser aproveitados de forma responsável pelos seus destinatários, evitando a repetição do filme do “papel higiénico”. 

Desta vez, só desta vez, vamos tentar não ser tão “portuguesinhos” como é nosso hábito, e encarnar o Português que há em cada um de nós. 

Apresentação Deolinda Laginhas

O meu nome é Deolinda Laginhas, 47 anos.
Desde sempre apaixonada pelas relações internacionais, área em que inicialmente me formei, descobri posteriormente o direito, tendo-me licenciado em solicitadoria, profissão que tenho vindo a exercer.
Sendo as minhas várias áreas de interesse, indissociáveis na minha forma de ver o mundo, procuro nesta crónica falar “sobre isto e aquilo”, procurando temas que pela sua actualidade e importância legal ou social mereçam aqui ser abordados.