segunda-feira, 6 de abril de 2015

O Fim das possibilidades



Ensaísta e dramaturgo, pensador e fazedor, Jean-Pierre Sarrazac imagina o autor de teatro contemporâneo "como alguém que dorme em pé e que sonha tornar-se velador do mundo real”. O Fim das possibilidades, peça que vem reescrevendo desde 2012, dá o corpo a este manifesto. Começa "no mais baixo dos céus”, onde Deus e Satã arquitectam uma "solução final” para resolver um "problema sistémico”, nome de guerra para a crise que decretou o fim do futuro. E avança por dentro da cabeça de João Baptista — J.B. para os amigos —, um Job moderno sem job que vê chegar, no pesadelo de uma noite, um presente sem presença de vida. Vencido com orgulho de vencedor, J.B. é um sonhador-construtor de resistências, e a resistência é aqui a última possibilidade humana. Entre jogos de sonhos, cruzando a alegoria com o teatro do quotidiano, implantando o fantástico no coração do real, esta "fábula satânica” projecta um retrato tragicómico e grotesco da era de todas as incertezas — a nossa.
Resultado do esforço conjunto do TNSJ e do Teatro da Rainha, O Fim das possibilidades faz a sua estreia mundial no palco do São João, numa encenação partilhada pelos seus respectivos directores artísticos, Nuno Carinhas e Fernando Mora Ramos. Afinal, o teatro é o espaço e o tempo onde nos podemos encontrar para reunir forças. E sonhar colectivamente com o fim e o princípio de todas as possibilidades.

10 - 19 abr 2015
Sala Garrett 4.ª 19h | 5.ª a sáb. 21h | dom. 16h

FICHA ARTÍSTICA de Jean-Pierre Sarrazac
tradução Isabel Lopes
encenação Fernando Mora Ramos e Nuno Carinhas
cenografia e figurinos Nuno Carinhas
desenho de luz Nuno Meira
desenho de som Francisco Leal
interpretação Alberto Magassela, Alexandre Calçada, Carlos Borges, Catarina Lacerda, Fernando Mora Ramos, Ivo Alexandre, Joana Carvalho, José Carlos Faria, Lígia Roque, Maria Quintelas, Paulo Calatré, Paulo Moura Lopes figuração Fábio Costa, Isamar, Luís Santiago, Olga Dias, Pedro Nogueira, Tiago Moreira

A banda sonora inclui temas tratados a partir dos originais: “Julien dans l’ascenseur”, autoria e interpretação Miles Davis (Fontana Records, 1958) ; “Ich habe genug”, Cantata BWV 82, de Johann Sebastian Bach, interpretação Klaus Mertens, Amsterdam Baroque Orchestra & Ton Koopman (Antoine Marchand, 2004); “Est-ce ainsi que les hommes vivent”, de Louis Aragon/Léo Ferré, interpretação Philippe Léotard (Gorgone Productions, 1993).