Nos dias 18, 19 e 20 de Julho, o Festival da música autêntica regressa a Sesimbra e ao Meco. Com a praia ali ao lado e um ambiente ainda mais informal, há uma coisa que continua a ser levada muito a sério: a música. E a prova disso é o forte poder feminino que marca o cartaz da 25ª edição do Super Bock Super Rock. Depois das confirmações de Lana Del Rey e Charlotte Gainsbourg, há mais uma senhora que promete conquistar (ainda mais) o público português: a norte-americana Cat Power.
Charlyn Marie Marshall é Cat Power para o mundo da música – um mundo que não fica indiferente às suas canções já há mais de 20 anos. O pai era um pianista focado no blues e o padrasto tinha uma coleção de discos invejável, cheia de soul e rock. Estas influências fizeram com que a jovem Marshall começasse a escrever as suas canções bem cedo, contra as indicações dos pais – os verdadeiros amantes da música conhecem os perigos da sua paixão... E a primeira apresentação pública mais a sério deu-se num pub em Brooklyn, algures entre 1992 e 1993, já sob o nome de Cat Power. A partir daí, começa a desenhar-se um dos percursos mais interessantes dos últimos trinta anos de música indie. Nesses primeiros anos, conheceu referências como Liz Phair, Steve Shelley (Sonic Youth) e Tim Foljahn (Two Dollar Guitar), nomes que logo a encorajaram a gravar as primeiras canções e, consequentemente, também os primeiros discos. "Dear Sir" (1995) e "Myra Lee" (1996), gravados num só dia, em Nova Iorque, já nos diziam muita da personalidade artística de Cat Power.
O talento era mais do que evidente e surgiu o convite para assinar com a editora Matador e gravar aquele que seria o seu terceiro disco: "What Would the Community Think". A ansiedade de Cat Power fez com que se mudasse para a Carolina do Sul e desse um tempo à música. E esse hiato só foi interrompido à conta de um pesadelo, um sonho inquietante que foi também uma espécie de visão do seu disco seguinte. “Moon Pix”, editado em 1998, apareceu-lhe em sonhos e foi impossível dizer que não a esse chamamento. Cat Power estava de regresso e esse registo parecia mais adulto e polido do que os anteriores, uma tendência que veio a confirmar-se nos discos seguintes, "You Are Free", com as participações de Eddie Vedder e Dave Grohl, e "The Greatest", provavelmente o disco mais bem sucedido até então. A ansiedade e a depressão foram fantasmas que continuaram a pairar sobre a vida de Cat Power e, por isso, também sobre as suas canções, pelo menos até “Sun”, editado em 2012, aquele que é o disco mais luminoso da carreira da cantora. E seis anos depois, Cat Power regressou aos discos como com “Wanderer”. Editado em 2018, este disco é uma espécie de síntese de todos os anteriores, voltando a fórmulas que conhece bem, ao mesmo tempo que entra em diálogo com aquilo que de melhor se vai fazendo no presente. “Woman”, com Lana Del Rey, é uma das faixas obrigatórias. E, curiosamente, as duas vão passar pela próxima edição do Super Bock Super Rock, dia 18 de Julho, no Palco Super Bock. Cat Power também vai estar no Meco para dar o seu testemunho de música autêntica.