quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Margaret Atwood frente ao passado em "Olho de Gato"



Em Olho de Gato, Elaine Risley, uma pintora, regressa à sua cidade natal, Toronto, a propósito de uma retrospetiva da sua obra, que se transforma também numa viagem interior animada pela recordação. O fio narrativo dos diferentes períodos de vida de Elaine é descrito de forma intercalada, entre a infância e o presente, pois a sua infância encerra capítulos de malvadez às mãos de Cordelia — melhor amiga primeiro, tirânica depois —, capítulos que a memória de Elaine recupera, tal como recupera o fantasma de Cordelia. A relação evoluiu quando eram jovens, e a algo próximo do perdão seguiu-se o menosprezo e o esquecimento. Mas o fantasma persiste, agora visto com os olhos maduros da segunda metade da vida.

Um romance sobre amadurecimento e um brilhante desenvolvimento de personagem, Olho de Gato será talvez subtilmente autobiográfico, e retrata de forma magistral, crua e honesta, a relação entre duas raparigas.

Publicado originalmente em 1988, e finalista do Booker Prize em 1989, Olho de Gato, há muito esgotado em Portugal, regressa com chancela Bertrand Editora numa nova tradução de Rita Canas Mendes — já disponível em todas as livrarias.

Sobre a Autora

Margaret Atwood nasceu em Otava, em 1939. É uma das mais celebradas autoras da literatura contemporânea e, além de A História de Uma Serva — agora uma série de televisão multipremiada —, publicou mais de cinquenta livros de ficção, poesia e ensaio. Recebeu diversos prémios literários ao longo da sua carreira, incluindo o Arthur C. Clarke, o Booker Prize (em duas ocasiões, por O Assassino Cego, em 2000, e por Os Testamentos, em 2019), o Prémio Príncipe das Astúrias para a Literatura, o Pen Center USA Lifetime Achievement Award e o Prémio da Paz dos Editores e Livreiros Alemães. Foi ainda agraciada com o título de Chevalier da Ordem das Artes e das Letras de França e com a Cruz de Oficial da Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha. Uma das mais ativas vozes do feminismo moderno, na ficção e na não-ficção, está traduzida em mais de quarenta idiomas. Vive em Toronto. 

Margaret Atwood recebeu, em 2022, o título de Doutora Honoris Causa, atribuído pela Universidade do Porto, reconhecendo a «extraordinária qualidade da sua obra literária, a importância da sua reflexão intelectual e a pertinência do seu combate público por uma sociedade mais justa, digna e sustentável».