Os meses encolhem e os Palcos do Caixa Ribeira começam a ter alinhados os nomes que por eles desfilarão. A belíssima Igreja de S. Francisco e a sua Escadaria, vão ser dois dos lugares onde o Fado ecoará. Anunciam-se hoje os fadistas que por lá encantarão. Na igreja, José Gonçalez no dia 3 e os fadistas Sérgio Martins, Patrícia Costa, Ana Pinhal e Miguel Xavier que irão cantar “Fados a Nossa Senhora” no dia 4, juntam-se à já anunciada Maria da Fé. Na escadaria Maria do Sameiro no primeiro dia, junta-se a Gonçalo Salgueiro e no dia 4 actuarão José Manuel Barreto e Ana Sofia Varela.
José Gonçalez tem quase três décadas de carreira e é um dos nomes mais conhecidos e profícuos do Fado. Aos 18 anos estreou-se com “Fado Lusitano” e daí para cá, sublinha-se o encontro com Frei Hermano da Câmara com quem partilhou muitas noites de Fado no espectáculo “Jesus Cristo Anda na Rua”. No ano passado lançou o seu mais recente álbum “Até Deus Gosta de Fado” que será certamente escutado no Caixa Ribeira de 2016.
São inúmeros os Fados gravados em honra de Nossa Senhora. A Fé ou a espiritualidade, sempre estiveram ligados ao Fado. “Avé Maria Fadista”, “Fado a uma Velhinha”, “Nossa Senhora do Fado” entre outros ressoarão pelas vozes de Patrícia Costa, Ana Pinhal, Miguel Xavier e Sérgio Martins, vozes jovens de grande qualidade que vão cantar “Fados a Nossa Senhora”. Um espetáculo único, num espaço também ele único e especial.
A Maria do Sameiro assenta como um vestido perfeito, a expressão deliciosa: “verdadeira mulher do norte”. De uma força imparável, rapioqueira e extrovertida – é assim que se adjectiva -, tem no Fado uma das formas de se exprimir, no entanto só se sente confortável se puder dançar e mexer-se em palco. “Homenagem a Santa Maria” é o seu cartão de visita, mas nos vários trabalhos editados deu-nos a conhecer a também faceta de compositora. Presença assídua nas inúmeras casas de Fado, bem como nas salas de espectáculos por todo o país e estrangeiro, Maria do Sameiro é uma das referências do norte do país. Possui uma voz poderosa que não deixa ninguém indiferente o que lhe valeu a participação no musical Amália de Filipe La Féria.
José Manuel Barreto começou cedo, e por isso teve o privilégio de conviver com nomes como Tristão da Silva, Max, Maria de Lurdes Resende, Carlos Ramos e Rui de Mascarenhas. No entanto, só quando já maturado de idade, é que o Fado se transformou instrumento para viver e ser. Lançou “Amor Presente” em 1988, com produção musical de Luís Pedro Fonseca. Já como fadista profissional começou a atuar na já encerrada casa Nove e Tal, onde cantavam Teresa Tarouca e Nuno da Câmara Pereira. Em 1995, grava dois temas – “O Palhaço” e “Carta ao Vento” – editados na Antologia do Mais Triste Fado, de que participam outros 15 fadistas de grande reconhecimento, entre eles, Fernando Maurício, Manuel de Almeida, Rodrigo, Argentina Santos e Beatriz da Conceição. Em 2001, edita o seu segundo disco a solo, “Fado de Santa Luzia” e em 2012 veio “Fados”, com composições de João Ferreira Rosa, Jorge Fernando, Marco Oliveira, Mário Laginha e Custódio Castelo.
Ana Sofia Varela é, meritoriamente, uma das melhores representantes da designada nova geração de fadistas. Com um currículo vasto, a Alentejana de Serpa, residente em Lisboa, conta no seu histórico artístico, de forma sumária e sem ordem cronológica, com a participação no filme “Fados” de Carlos Saura. Em 2005 vence o Prémio “Amália Rodrigues”, referente à categoria de Melhor Intérprete Feminina e colabora no projecto do lançamento de um CD de homenagem a Carlos Paredes, “Movimentos Perpétuos”.