Esgotado há alguns anos, o livro História da Eternidade, de Jorge Luis Borges, regressa às livrarias com nova imagem de capa, que utiliza os elementos do tríptico das Tentações de Santo Antão, de Hieronymus Bosch. Uma reflexão sobre o tempo, o infinito e o finito, entre outras questões que só abrem as portas para a admirável sabedoria de um dos grandes «autores do mundo».
Para Platão, o tempo era uma imagem em movimento da eternidade. Borges cita o filósofo no início deste livro. O texto que dá o título a História da Eternidade ocupa-se do tempo e da sua negação e examina os dois conceitos opostos da eternidade: a alexandrina, de raiz platónica, e a cristã, nascida com a doutrina trinitária e formalizada por Santo Agostinho.
Outras passagens deste volume são digressões luminosas que apresentam quer a doutrina de Nietzsche sobre o eterno retorno, quer as ideias sobre o movimento da história – pequenos tratados de filosofia e literatura. Ao mencionar a essência do tempo e as nossas perplexidades, Borges dá como exemplo o caso dos tradutores de As Mil e Uma Noites, que nunca encontraram uma única versão definitiva. História da Eternidade, cuja primeira edição data de 1936, anuncia os contornos do génio de Borges e a sua presença no cânone da literatura do século xx.
Disponível a 11 de agosto, com tradução de José Colaço Barreiros.
Sobre o Autor
Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires, em 1899. Cresceu no bairro de Palermo, «num
jardim, por detrás de uma grade com lanças, e numa biblioteca de ilimitados livros ingleses».
Em 1914 viajou com a família pela Europa, acabando por se instalar em Bruxelas, e posteriormente em Maiorca, Sevilha e Madrid. Regressando a Buenos Aires, em 1921, Borges começou a
participar ativamente na vida cultural argentina.
Em 1923, publicou o seu primeiro livro – Fervor de Buenos Aires – mas o reconhecimento internacional só chegou em 1961, com o Prémio Formentor, seguido por inúmeros outros.
A par da poesia, Borges escreveu ficção (é sem dúvida um dos nomes maiores do conto ou da
narrativa breve), crítica e ensaio, géneros que praticou com grande originalidade e lucidez.
A sua obra é como o labirinto de uma enorme biblioteca, uma construção fantástica e metafísica
que cruza todos os saberes e os grandes temas universais: o tempo, «eu e o outro», Deus, o infinito, o sonho, as literaturas perdidas, a eternidade – e os autores que deixam a sua marca.
Foi professor de literatura e dirigiu a Biblioteca Nacional de Buenos Aires entre 1955 e 1973.
Morreu em Genebra, em junho de 1986.