terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

A história do Ocidente, resultado de uma mistura de culturas e povos, muito além de Grécia e Roma



«A verdadeira história por trás daquilo a que atualmente se chama Ocidente é muito mais interessante» do que «uma narrativa centrada na Grécia e em Roma», escreve a autora na introdução. Professora de estudos clássicos há mais de três décadas, Josephine Quinn é uma autoridade no tema e agarra o leitor com a certeza de que há muito para descobrir nas 600 páginas que se seguem em O Mundo Criou o Ocidente.

Da Idade do Bronze à Era da Exploração (ou dos Descobrimentos), este livro traz uma narrativa nova. Reconstitui os milénios de encontros e trocas globais que construíram aquilo a que chamamos Ocidente, conforme as sociedades se conheciam, enredavam e, por vezes, se afastaram. Da criação do alfabeto por trabalhadores levantinos no Egito, que em terra estranha foram levados a escrever na sua língua pela primeira vez, à chegada de artigos indianos à Europa por intermédio do mundo árabe, Josephine Quinn demonstra que interpretar as sociedades como ilhas isoladas está desatualizado duzentos anos, além de estar comprovada e historicamente errado.

«Em termos mais gerais, pretendo defender a ideia de que são as ligações, e não as civilizações, que impulsionam a mudança histórica.» A autora explica que a ideia de civilização como forma de organizar a sociedade humana é uma criação europeia com origens na década de 1750. Evoluiu para uma noção de «civilização ocidental» e no século XX a Cortina de Ferro e o 11 de Setembro foram contributos para uma contínua redefinição do conceito.

Josephine Quinn defende no livro que «nunca existiu uma cultura ocidental ou europeia única e pura» e que os chamados «valores ocidentais», como a liberdade, a racionalidade, a justiça e a tolerância não são originalmente ocidentais, já que o Ocidente é ele próprio o resultado de uma série de ligações entre sociedades. «A migração, a mobilidade e a mistura estão profundamente enraizadas na história humana», argumenta a autora.

Num momento da história em que a geopolítica e a migração são temas que dividem opiniões e nações, esta obra traz um olhar baseado em factos, desfaz mitos e convida a questionar algumas ideias que aprendemos como verdades absolutas. Ilustrado com vários mapas e imagens de artefactos, este livro conta com 30 capítulos e ainda com quase 150 páginas de notas e referências, para que esta obra seja apenas o ponto de partida para quem quer continuar a mergulhar na história. 

Sobre a Autora

Josephine Quinn, nascida em 1973, é professora de História Antiga na Universidade de Oxford e Martin Frederiksen Fellow and Tutor (membro e tutora) de História Antiga do Worcester College, Oxford. Formada em Oxford e na Universidade da Califórnia, em Berkeley, lecionou na América, em Itália e no Reino Unido e codirigiu as escavações arqueológicas tunisino-britânicas em Útica. É colaboradora regular da London Review of Books, bem como de programas de rádio e televisão. É autora de um livro anterior, o premiado In Search of the Phoenicians.