Elegias de Duíno e Os
Sonetos a Orfeu, de Rainer Maria Rilke, com tradução de
Vasco Graça Moura, chega hoje às livrarias. Esta versão
bilingue, de dois ciclos importantes deste poeta maior da
literatura alemã, tem introdução de João Barrento.
«Invisível poema, respirar!
Mundo, espaço e ser vislumbro
sem cessar em troca pura. O equilibrar
em que por ritmos me cumpro.
Única onda
de que sou mar gradual;
o mais poupado na ronda,
ganho de espaço afinal.
Quanto lugar dos espaços
dentro de mim se precisa.
Ventos, filhos nos meus braços.»
Segundo João Barrento, «O que o leitor d’Os Sonetos a
Orfeu e das Elegias de Duíno de Vasco Graça Moura reterá,
além do pormenor, é um conjunto notável que veste estes
dois ciclos de Rilke como uma segunda pele. A pele visível e
a mais atual de Rilke em português. O princípio orientador
que o poeta Vasco Graça Moura parece seguir nesta sua
nova aventura pelo «espaço interior do mundo» da grande
poesia de Rilke poderia ser o que o próprio autor dos
Cadernos de Malte nos dá, pela boca do seu narrador: Er war ein Dichter und hasste das Ungefähre – à letra: «Era Um
poeta e detestava a imprecisão.»
Sobre o autor
Rainer Maria Rilke nasceu em Praga, em 1875, e morreu na Suíça (arredores de Montreux), em 1926. Entre as suas obras
mais significativas estão Os Sonetos a Orfeu e as Elegias de Duíno (ambas publicadas em 1923), Os Cadernos de Malte
Laurids Brigge (1910) ou O Livro das Horas (1905). Depois da sua morte foi publicado, em 1929, Cartas a um Jovem Poeta.
Sobre o tradutor
Vasco Graça Moura (Foz do Douro, 1942-2014) foi poeta, ficcionista, ensaísta, cronista e tradutor,
além de ter desempenhado importantes cargos de relevância pública na vida portuguesa dos
últimos cinquenta anos. Entre as inúmeras distinções que lhe foram atribuídas, contam-se,
nomeadamente, o Prémio Pessoa, o Prémio Vergílio Ferreira, o Grande Prémio de Romance e
Novela da APE, o Prémio de Poesia do PEN Clube, o Prémio Eça de Queiroz, o Prémio de Tradução
Paulo Quintela, o Prémio Europa David Mourão-Ferreira, o Grande Prémio de Poesia da APE, o
Prémio Max Jacob de Poesia, o Prémio de Tradução do Ministério da Cultura em Itália (pelas suas
notáveis traduções de Dante e Petrarca), ou o Prémio Morgado de Mateus.
A sua obra poética está reunida em dois volumes publicados pela Quetzal (Poesia Reunida, 1 e 2, em 2012), e entre os seus
romances contam-se Naufrágio de Sepúlveda, Partida de Sofonisba Às Seis e Doze da Manhã, Quatro Últimas Canções, ou O
Enigma de Zulmira, para nomear alguns. Traduziu Shakespeare, Racine, Dante, Corneille, Molière, Rostand, Rilke – mas também
autores contemporâneos como Seamus Heaney, Hans Magnus Enzensberger, Gottfried Benn ou Jaime Sabines.