O terceiro concerto dos Serões Musicais no Palácio da Pena é inteiramente dedicado à figura de Alfredo Keil (1850-1907). Personalidade dotada de um talento plural, que exerceu em áreas tão distintas quanto a música (a faceta mais conhecida), a pintura, a poesia e a fotografia, Alfredo Keil e a sua multifacetada obra serão revisitados no dia 18 de Março, a partir das 21h00, no Salão Nobre do Palácio da Pena.
O programa proposto para este Serão constitui-se como uma antologia da sua produção no domínio musical, abordando desde a pequena peça para piano até excertos de três das suas óperas – “Dona Branca” (1888), “Irene” (1893) e a fundamental “Serrana” (1899), primeira ópera de um autor português com temática portuguesa e cantada na nossa língua.
Versátil como era, foi justamente no território operático que Alfredo Keil pôde explanar os seus múltiplos talentos, concebendo, para além naturalmente das partituras, uma boa parte da componente cenográfica e visual dos espetáculos. Mas também escreveu muitas canções para voz solista e piano, a partir de poemas de sua própria autoria.
Assim, neste concerto intitulado “Alfredo Keil: da pintura à música”, desenha-se uma leitura cruzada desses vários elementos, recorrendo para o efeito à projeção de imagens e a breves intervenções orais.
Como intérpretes estarão dois cantores: a soprano canadiana Siphiwe McKenzie, cuja promissora carreira lírica passa aqui pela primeira vez por Portugal, e o tenor Marco Alves dos Santos, que brilhou nos recentes ‘Anna Bolena’ (São Carlos) e ‘Tristão e Isolda’ (CCB); e dois instrumentistas: Irene Lima, 1.º violoncelo da Orquestra Sinfónica Portuguesa, e o pianista João Paulo Santos. Deste último e da musicóloga Luísa Cymbron (Universidade Nova) provirão os apontamentos orais sobre a vida e obra de Alfredo Keil.
O ciclo Serões Musicais no Palácio da Pena é dedicado ao repertório do século Romântico (XIX) e inspirado nos saraus promovidos por D. Fernando II e pela sua segunda mulher, a condessa d’Edla, no Palácio da Pena. Ao longo do mês de março, o Salão Nobre abre as suas portas todos os sábados à noite para receber um total de quatro recitais, que este ano aliam a música a outras expressões artísticas, como a literatura e as artes plásticas.
Trata-se de uma iniciativa conjunta da Parques de Sintra e do Centro de Estudos Musicais Setecentistas em Portugal (CEMSP), tendo por diretor artístico o maestro e violetista Massimo Mazzeo. Este ciclo integra a Temporada de Música Erudita da Parques de Sintra, que inclui ainda os “Reencontros–Memórias Musicais do Palácio de Sintra”, no Palácio Nacional de Sintra, no mês de Junho; e as “Noites de Queluz–Tempestade e Galanterie”, no Palácio Nacional de Queluz, em Outubro.