Estreia no Museu da Cidade, em Lisboa, no próximo dia 31 de Março "Palhaço Rico Fode Palhaço Pobre”, de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira. O espetáculo fica em cena em Lisboa até ao dia 2 de Abril e depois é apresentado no Porto, na Praça D. João I, nos dias 7 e 8 de Abril.
Para este espectáculo, a dupla de artistas João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira recorre ao imaginário circense para elaborar uma parábola absurda sobre a diferença, o estigma, a normatividade, a discriminação e os limites do convencional, partindo de dois filmes essenciais para a construção do seu imaginário em torno do circo - “Freaks” (1932) de Tod Browning e “Os Palhaços” (1970) de Federico Fellini.
Quer a dúbia duplicidade da categorização de “freak” exposta por Browning, quer a proposta de Fellini de uma visão do circo enquanto metáfora da vida, são aqui apropriadas e contextualizadas numa sociedade actual onde, tal como o título indica, se utiliza a clássica divisão entre palhaços ricos e pobres para falar de um contexto económico de crise. O circo pelo seu carácter comunitário e nómada, com uma estrutura e vivência muito própria, apresenta-se como um último reduto de resistência à assimilação pela economia capitalista que caracteriza a sociedade ocidental. Movendo-se nas franjas da sociedade dita global responsável pela massificação de políticas económicas e organizações sociais cada vez mais ingerentes e normativas, o circo continua a ser uma metáfora de tudo o que é considerado diferente e desviante, sendo esse um dos temas centrais do espectáculo “Palhaço Rico Fode Palhaço Pobre”.