Narrativa trepidante, Detetives Selvagens, de Roberto Bolaño, é uma
extraordinária máquina de contar histórias, atravessada tanto pela
melancolia das ilusões desfeitas como pela violência de um humor
iconoclasta e feroz. Esta nova tradução da obra-prima que o autor
chileno publicou em vida (2666 é um livro póstumo), revela-nos
fielmente a essência da sua escrita.
Publicado em 1998, o quinto romance de Bolaño divide-se em três partes
autónomas, pelas quais circulam personagens rebeldes, em relatos
descontínuos. O chileno Arturo Belano (alter ego de Bolaño) e o
mexicano Ulisses Lima são os ‘detetives’ da trama: dois poetas que
seguem as pistas deixadas pela misteriosa escritora mexicana, Cesárea
Tinajero, desaparecida no deserto de Sonora. Este é um livro imenso,
uma enciclopédia literária, cheia de ecos auto-biográficos, que reflecte a
Cidade do México durante a segunda metade dos anos 70, quando
Bolaño era um poeta vanguardista, fundador do movimento
infrarrealista.
Romance caleidoscópico, disperso e fragmentário, Detetives Selvagens
acolhe dezenas de personagens que atravessam a vida num permanente
estado de migração e insatisfação, numa constante odisseia.
Há muito aguardada, esta nova tradução de Detetives Selvagens faz parte do destaque que a Quetzal Editores tem estado a dar
ao autor ao longo de 2017 (o ano Bolaño).
Sobre o autor
Roberto Bolaño nasceu em 1953, em Santiago do Chile. Aos 15 anos
mudou-se com a família para a Cidade do México. Durante a adolescência
leu vorazmente e escreveu poesia. Fundou com amigos o Infrarrealismo, um
movimento literário punk-surrealista, que consistia na «provocação e no
apelo às armas» contra o establishment das letras latino-americanas. Nos
anos 70, Bolaño vagabundeou pela Europa, após o que se instalou em
Espanha, na Costa Brava, com a mulher e os filhos. Aí, dedicou os últimos 10
anos da sua vida à escrita. Fê-lo febrilmente, com urgência, até à morte (em
Barcelona, em julho de 2003), aos 50 anos. A sua herança literária é de uma
grandeza ímpar, sendo considerado o mais importante escritor latinoamericano
da sua geração – e da atualidade. Entre outros prémios, como o
Rómulo Gallegos ou o Herralde, Roberto Bolaño já não pôde receber o
prestigiado National Book Critics Circle Award, o da Fundación Lara, o
Salambó, o Ciudad de Barcelona, o Santiago de Chile e o Altazor, todos
atribuídos a 2666, unanimemente aclamado o maior fenómeno literário da
última década.