A obra literária e gráfica de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) é o mote para o segundo Serão Musical no Salão Nobre do Palácio da Pena, no dia 11 de Março, pelas 21h00. “Bordalo Pinheiro: um mosaico da vida musical de Lisboa” articula a música com a imagem, e encontra nas palavras da musicóloga Luísa Cymbron e do pianista João Paulo Santos as histórias que entrelaçam o repertório selecionado.
O recital vai trazer ao Palácio da Pena excertos de operetas de Giuseppe Verdi, Richard Wagner, Jacques Offenbach, Carlos Gomes, Augusto Machado e Arrigo Boito. Também no programa estarão obras para violino solo e para piano solo, respetivamente de Pablo de Sarasate e de Camille Saint-Saëns, músicos que visitaram e tocaram em Lisboa nesta época.
A partir destas obras, recuamos à realidade social e política da Lisboa das décadas finais da monarquia através do olhar crítico de Bordalo, que era um assíduo frequentador do então Real Theatro de São Carlos. Mas também as operetas que preenchiam muitas noites do Teatro da Trindade serão aqui recordadas, por meio de excertos de obras de Jacques Offenbach e Robert Planquette.
Mas a leitura de Bordalo não se limita apenas aos palcos e aos espetáculos. Tudo quanto rodeia este universo, que funciona como um microcosmo social, lhe fornece material para abordar de forma crítica aquele que era o seu objetivo último: a cena política portuguesa.
“Bordalo Pinheiro: um mosaico da vida musical de Lisboa” terá por intérpretes a soprano Ana Franco, a meio-soprano Cátia Moreso, o tenor João Cipriano Martins, o baixo Nuno Dias e ainda o violinista Pedro Meireles. Ao piano, estará João Paulo Santos, que partilhará com a musicóloga Luísa Cymbron as intervenções orais que pontuarão este serão musical.
Este ciclo é dedicado ao repertório do século Romântico (XIX) e é inspirado nos saraus promovidos por D. Fernando II e pela sua segunda mulher, a condessa d’Edla, no Palácio da Pena. Ao longo do mês de Março, o Salão Nobre abre as suas portas aos sábados à noite para receber um total de quatro recitais, que este ano aliam a música a outras expressões artísticas, como a literatura e as artes plásticas.
O ciclo Serões Musicais no Palácio da Pena é uma iniciativa conjunta da Parques de Sintra e do Centro de Estudos Musicais Setecentistas em Portugal (CEMSP), tendo por diretor artístico o maestro e violetista Massimo Mazzeo. Este ciclo integra a Temporada de Música Erudita da Parques de Sintra, que inclui também os “Reencontros – Memórias musicais de um Palácio”, no Palácio Nacional de Sintra, em Junho, e as “Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie”, no Palácio Nacional de Queluz, em Outubro.