terça-feira, 11 de julho de 2023

A história do repouso, ou seja, a história do dolce fare niente



Chega o tempo de férias e abundam planos para ocupar esse período de descanso tão aguardado durante tanto tempo. Mas será o lazer sinónimo de repouso? O historiador Alain Corbin, conhecido pela enorme sensibilidade no tratamento de temas menos convencionais (como a história dos ventos, da sombra ou do prazer e da paisagem), propõe-se estudar a evolução do descanso ao longo dos séculos no livro História do Repouso. Um primoroso ensaio que se lê com tempo e sem horas contadas, bem ao jeito do dolce fare niente.

Estabelecendo uma evolução do repouso enquanto conceito na nossa cultura ocidental ­­– da sua implicação religiosa até aos dias de hoje –, Alain Corbin debruça-se sobre esta temática sob vários pontos de vista, que vão desde a postura ao vestuário e ao mobiliário, bem como à sua importância na estrutura social. Erradamente, não falamos mais de descanso, mas de momentos de relaxamento, diversão e evasão, o que equivale a substituir a fadiga por mais tensão, mais tarefas, mais disciplina e mais consumo.

Porque o descanso não é sono, nem imobilidade, nem cura, nem uma solução para a fadiga – mas um momento em que o ser humano se reconstrói, caminha, esquece, encontra um lugar apenas seu. Alain Corbin convida a refletir sobre a nossa relação com o trabalho, com a fadiga e com o tempo que temos disponível para viver.

Vencedor do Prémio Étienne de la Boétie, História do Repouso chega às livrarias, com tradução de Sandra Silva, a 13 de julho.

Sobre o Autor

Alain Corbin nasceu na Normandia em 1936 e foi professor da Universidade de Tours e da Sorbonne, em Paris tendo-se dedicado especialmente ao século XIX. É um dos grandes mestres da «história das representações e das sensibilidades» e as suas obras dedicam-se ao estudo do desejo, da paisagem, do silêncio (Histoire du silence: de la Renaissance à nos jours), da ignorância (Terra incognita: une histoire de l'ignorance), da relação com o mar e o céu (La Mer: terreur et fascination) ou da paixão pelo vento (La rafale et le zéphyr. Histoire des manières d’éprouver et de revêr le vent) e pela meteorologia.