A equipa do Doclisboa assiste, chocada e com um sentimento de revolta, aos ataques feitos pelo governo do Brasil aos realizadores nesse país, aos nossos colegas e a todo o cinema independente brasileiro.
Na sequência de casos de censura, do anúncio de um ciclo de cinema militar na Cinemateca, e de cortes inexplicáveis à Ancine, o progressivo desmantelamento desta agência continua, agora suspendendo os apoios atribuídos aos realizadores com filmes programados em festivais internacionais. Esta medida visa evidentemente silenciar os realizadores, criando dificuldades à sua presença em contextos internacionais.
É evidente um programa de eliminação da diversidade e da liberdade, visando uma arte que é, pela sua natureza, popular e democrática: o cinema. No Brasil, uma ditadura está em vias de se instalar - vários princípios do estado de direito têm sido descaradamente violados. Não é possível ser-se neutro perante isto.
Deste modo, o Doclisboa declara o seu repúdio a estas acções do governo, declara o seu apoio a todos os colegas brasileiros, e anuncia uma programação urgente que permitirá debater, pensar e contar armas para uma resistência activa contra o desmantelamento da democracia no Brasil.