sexta-feira, 20 de setembro de 2019

testamento de vgm | le testament de vgm


Corria o ano 2001, Vasco Graça Moura contava 60 anos e deitava no papel a lavra do seu testamento, imbuído no espírito da escrita de François Villon. testamento de vgm | le testament de vgm, o texto que nasceu desse desafio, tem nova edição hoje, com o cunho Quetzal. No ano em que se contam cinco da morte daquele que é, indubitavelmente, um dos mais reconhecidos poetas e autores portugueses dos últimos 50 anos.

«Pretendi uma espécie de divertimento sério», confidenciou Graça Moura em 2012, em entrevista ao Expresso. Um poema autobiográfico onde canta os amores, trabalhos, filhos, amigos, inimigos, a cidade natal, o ofício literário, a paixão pela pintura e a sua natureza mais íntima. 

deixo a meus filhos versos cultos
e também prosas às centenas
(os meus dois filhos são adultos
e as minhas filhas são pequenas)
e muito amor: não deixo apenas,
tudo somado, alguns direitos,
e fui bom pai, nunca fiz cenas
e fi-los sãos e escorreitos.


Sobre o Autor

Considerado por muitos como um dos maiores poetas portugueses contemporâneos, se não o maior, Vasco Graça Moura foi autor de uma vastíssima obra poética, ensaística e ficcional, e um nobilíssimo tradutor e divulgador das literaturas clássicas. Recebeu o Prémio Pessoa (1995), o Prémio de Poesia do Pen Clube (1993), o Grande Prémio de Poesia da APE (1998) e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (2004). Em 2007, foi galardoado com o Prémio Vergílio Ferreira e com o Prémio de Poesia Max Jacob Étranger.