O MAAT inaugurou ontem duas novas exposições: a coletiva Playmode e uma individual do artista egípcio Basim Magdy
Playmode propõe uma reflexão sobre as possíveis relações entre arte e os jogos de vídeo e sobre a utilização de estratégias lúdicas e multissensoriais no campo de produção artística contemporânea. Em M.A.G.N.E.T, Basim Magdy apresenta um filme sobre um cenário hipotético sobre a gravidade da terra, uma encomenda do MAAT ao artista.
Com a participação de mais de trinta artistas nacionais e internacionais, a exposição coletiva Playmode propõe uma reflexão sobre o poder da transformação do jogo, integrando-o nas suas obras com propósitos distintos: evasão à realidade, construção e transformação social, subversão ou crítica dos próprios mecanismos de brincadeira e jogo. Uma exposição que explora novos modos de ver, de participar e de transformar o mundo, ao usar o jogo de forma crítica.
Com curadoria de Filipe Pais e Patrícia Gouveia, Playmode inclui trabalhos de artistas como Brad Downey, Gabriel Orozco e Ana Vieira, que adotam o tema e propõem uma reflexão sobre o período de ludificação que as sociedades contemporâneas atravessam, dividindo o espaço expositivo em três áreas temáticas: «modo de desconstruir, de modificar e de especular», «modo de transformar, de sonhar e de trabalhar» e «modo de participar e de mudar». Na primeira secção, o conjunto de obras presentes explora os modos de jogar, de desconstruir, de modificar e de especular sobre o jogo, e os artistas têm liberdade para transformar as regras e os jogos que conhecemos em novas interpretações capazes de exprimir e sugerir outras visões sobre o mundo em que vivemos. Em «transformar, sonhar e trabalhar», os curadores exploram o paradoxo dos conceitos de brincadeira e jogo e do seu poder de transformação das estruturas cognitivas, físicas e sociais. Por último, a secção «modo de participar e de mudar» evoca o poder do jogo nos chamar à atenção, da sua capacidade de nos fazer participar em algo, convocando a nossa atenção mais profunda. Os sete jogos digitais presentes nesta área, propõe-nos diferentes modos de mudar de perspética e de consciência sobre certas condições sociais e culturais.
Artistas participantes
The Pixel Hunt, Pippin Barr, Aram Bartholl, /////////fur//// art entertainment interface, Gabriel Orozco, Priscila Fernandes, !Mediengruppe Bitnik, Mary Flanagan, Harun Farocki, Molleindustria, Bill Viola and USC Game Innovation Lab, Samuel Bianchini, Eva and Franco Mattes, Lucas Pope, Joseph DeLappe, Brent Watanabe, Filipe Vilas-Boas, Shimabuku, Auriea Harvey & Michaël Samyn, Tale of Tales, David Shrigley, André Gonçalves, Isamu Noguchi, Ana Vieira, Miltos Manetas, David OReilly, Brad Downey, Dunne & Raby with Michael Anastassiades, Os Espacialistas, CADA.
M . A . G . N . E . T é o título do mais recente filme de Basim Magdy, uma encomenda para o Video Room do MAAT. Magdy trabalha no limiar de narrativas ficcionais e historiográficas. O artista equaciona questões sociais e políticas de forma crítica e quimérica, com lugar a interpretações diversas, um tanto psicadélicas, do passado, do presente e do futuro. Esta exposição é a primeira mostra individual de Basim Magdy em Portugal.
Com curadoria de Inês Grosso e de Irene Campolmi, o artista egípcio apresenta um novo filme, comissariado pelo MAAT, onde sugere um cenário hipotético de factos inegáveis ocultados, durante séculos, por teorias da conspiração e por uma possível interpretação errada da história. Relata, através do cruzamento de narrativas poéticas e eventos inesperados, a forma como comunidades por todo o mundo recebem a notícia de que a gravidade terrestre está a aumentar gradualmente. O filme foi gravado durante um período de quase dois anos em diferentes locais da Europa, incluindo a cratera vulcânica na ilha de Nisyros, Grécia, os petróglifos de Foz Côa e o Cromeleque dos Almendres, em Portugal, e um laboratório de robótica em Manchester, no Reino Unido.
É comum no trabalho de Magdy a utilização de algumas técnicas muito particulares nos seus vídeos, como por exemplo, a aplicação de filtros de cor. Inês Grosso, curadora do MAAT, refere os «os efeitos e recursos cinematográficos utilizados pelo artista que «nos transportam para uma série de lugares inóspitos e aparentemente abandonados, proporcionando uma experiência sensorial imersiva e inquietante.»
Testando os limites da realidade e da ficção, o artista convida-nos a refletir sobre o impacto das alterações climáticas, do aquecimento global do mundo e nas potenciais consequências catastróficas destes fenómenos, que podem tornar a Terra um lugar inabitável para o ser humano.
Inês Grosso reforça ainda a importância desta exposição no contexto da programação do MAAT: “A exposição do Basim Magdy revela ainda a importância que museu tem dado à inclusão de artistas provenientes de diferentes geografias e contextos na sua programação e ainda de proporcionar a produção de obras fílmicas de complexa produção e realização e inquestionável valor social, politico e artístico."
Biografia do artista
Basim Magdy (1977) é um artista multidisciplinar com uma ampla e consagrada produção no campo da imagem em movimento. Reside entre Basel, Suiça, e Cairo, Egipto. As suas mais recentes exposições incluem Surround Audience: 2015 New Museum Triennial, New Museum, Nova Iorque; Lest the Two Seas Meet, Museum of Modern Art Warsaw; The Heart is Deceitful Above All Things, HOME Manchester, Reino Unido e Lismore Castle Arts, Irlanda; La Biennale de Montreal, Canada; MUMA – Monash University Museum of Art, Melbourne e Art in General, Nova Iorque. O seu trabalho tem sido integrado em várias exposições individuais e coletivas, tais como na SeMA Biennial MediaCity, Seoul, Coreia, 2014; 13th Istanbul Biennial, Turquia, 2013; Biennale Jogja XII, Indonésia, 2013; Sharjah Biennial 11, UAE, 2013; La Triennale, Palais de Tokyo, Paris, 2012 e Transmediale, Haus der Kulturen der Welt, Berlim, 2012. Foi um dos selecionados para a shortlist da segunda edição do Future Generation Art Prize, Pinchuk Art Centre em 2012, e ganhou os prémios Abraaj Art Prize, Dubai e New:Vision Award, CPH:DOX Film Festival, Copenhaga em 2014. Magdy recebeu em 2016 o prémio anual Deutsche Bank Artist of the Year.