quinta-feira, 10 de outubro de 2019

30.º aniversário da Queda do Muro de Berlim


Dois ciclos de cinema, em coprodução com o doclisboa, um debate Quo Vadis, Europa?  e a presença em Portugal de várias testemunhas dos tempos da República Democrática Alemã (RDA), entre cineastas e ativistas da sociedade civil, são a programação proposta pelo Goethe-Institut Portugal para assinalar o 30º aniversário da Queda do Muro de Berlim.

A programação do Goethe-Institut Portugal dedicada a assinalar o 30º aniversário da Queda do Muro de Berlim arranca com a retrospetiva Ascensão e Queda do Muro – O Cinema da Alemanha de Leste, apresentada no âmbito do doclisboa na Cinemateca Portuguesa de 17 a 27 de Outubro. Nesta retrospetiva serão exibidos filmes produzidos nos tempos da RDA, principalmente pelo estúdio estatal de cinema Deutsche Film Aktiengesellschaft (DEFA),  fundado logo após a Segunda Guerra Mundial e que permaneceu em atividade até 1991. Esta é uma oportunidade única para descobrir a obra cinematográfica diversificada da RDA e a vida política, cultural e quotidiana da Alemanha Oriental, com filmes ora censurados, ora proíbidos, ora de propaganda, entre ficções, documentários, curtas e longas, de cineastas como Konrad Wolf, Gerhard Lamprecht, Karl Gass, Winfried Junge, Gerhard Klein, Jürgen Böttcher, Volker Koepp, Iris Gusner, Andreas Voigt, Helke Misselwitz, Thomas Heise, e Thomas Plenert, considerado o melhor diretor de fotografia da época. O historiador de cinema e presidente do conselho da Fundação DEFA, Ralf Schenk, e o realizador Andreas Voigt vão marcar presença em Portugal ao longo da retrospetiva, assim como os realizadores Volker Koepp e Thomas Heise .

A programação de cinema continua nos dias 28, 29 e 30 de Outubro no Goethe-Institut, em Lisboa, onde decorrerá o ciclo Após a queda do muro, criado também em colaboração com o doclisboa e com o apoio da Associação São Bartolomeu dos Alemães em Lisboa. Após a queda do muro vai exibir filmes do período após a queda do muro de Berlim, revelando perspetivas do que é a sociedade pós RDA.  A sessão de abertura com o filme Time will tell (Alles Andere zeigt die Zeit) conta com a presença do realizador Andreas Voigt.

Na quinta-feira, dia 31 de Outubro pelas 19h00, também no Goethe-Institut, em Lisboa,  terá lugar o debate Como lidar com o passado: 30 anos da queda do Muro de Berlim, 45 anos da Revolução de Abril no âmbito do ciclo Quo vadis, Europa?, uma iniciativa do Goethe-Institut Portugal, da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã e da Associação São Bartolomeu dos Alemães em Lisboa. Em 2019 assinalam-se o 30º aniversário da queda do Muro da Alemanha, mas também o 45º aniversário da Revolução de Abril que pôs fim à ditadura do Estado Novo. Independentemente das diferenças entre os dois regimes há uma mesma questão que une estes dois países: como lidar com o passado ditatorial? A ativista, política e ex-comissária federal alemã para os documentos dos Serviços de Segurança do Estado da antiga RDA, Marianne Birthler, e a investigadora portuguesa Irene Flunser Pimentel irão conversar sobre o legado político e histórico de Portugal e da Alemanha e refletir sobre as consequências desse legado para a Europa de hoje. A moderação estará a cargo de Reinhard Naumann, representante da Fundação Friedrich Ebert em Portugal.

Para completar esta vasta programação dedicada à Queda do Muro de Berlim, o Goethe-Institut Portugal, em conjunto com a Embaixada da República Federal da Alemanha em Portugal e o DAAD (Programa alemão de Intercâmbio Académico) convidou duas testemunhas da época, Ingrid Miethe e Jörg Stiehler, que viveram pessoalmente a Queda do Muro de Berlim, como jovens e como adultos. As testemunhas falarão sobre estas experiências nas universidades e escolas do Porto e Lisboa, entre 4 e 8 de Novembro.

Ingrid Miethe cresceu na RDA e foi supervisionada a partir de 1983 pela polícia política Stasi, por ser membro ativo do movimento pela paz e ter contatos com o grupo proibido de jovens críticos Malzhaus. Em Berlim, foi ativista no movimento pela paz e fundou o grupo "Educação" no movimento de direitos civis Neues Forum. Já na Alemanha reunificada doutorou-se com a tese "As mulheres na oposição da RDA" e de seguida realizou uma investigação sobre sobre o tema "Mulheres pela Paz". Hoje é Professora de Ciências da Educação na Universidade de Giessen. 

Jörg Stiehler sofreu com a economia da escassez, o medo da perseguição política e a educação militar nos colégios na sua juventude na RDA, pelo que queria pedir um visto de saída ao completar 18 anos de idade. Mas não foi isso que aconteceu. Em Outubro de 1989, Jörg Stiehler e a sua mãe fugiram para a Alemanha via Hungria aos seus 16 anos de idade. A viagem começou a 16 de Outubro e terminou 36 horas mais tarde na República Federal da Alemanha. Alguns anos após a queda do Muro de Berlim, regressou a Dresden, concluiu o liceu, estudou design e trabalha hoje como designer gráfico em Hamburgo. Jörg Stiehler falará sobre as suas experiências como adolescente na RDA e na RFA e sobre a sua experiência de fuga. 

PROGRAMA

17 a 27 de Outubro, Cinemateca Portuguesa 
Ascensão e Queda do Muro – O Cinema da Alemanha de Leste
Retrospetiva de cinema integrada no doclisboa, com a presença do presidente do conselho da Fundação DEFA, Ralf Schenk, e dos realizadores Volker Koepp, Thomas Heise e Andreas Voigt.

28, 29 e 30 de Outubro, Goethe-Institut, em Lisboa
Após a queda do muro 
Ciclo de cinema e conversas em colaboração com o doclisboa que conta com a presença do realizador Andreas Voigt. Ambas as retrospetivas contam com o apoio da Associação São Bartolomeu dos Alemães em Lisboa.

31 de Outubro, Goethe-Institut, em Lisboa 
Como lidar com o passado: 30 anos da queda do Muro de Berlim, 45 anos da Revolução de Abril  Debate Quo Vadis, Europa?, uma iniciativa do Goethe-Institut Portugal, da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã e da Associação São Bartolomeu dos Alemães em Lisboa, com a ativista Marianne Birthler e a investigadora Irene Flunser Pimentel, e moderação de Reinhard Naumann.

4 a 8 de Novembro, Lisboa e Porto
Testemunhas da RDA
Conversas em escolas e universidades de Lisboa e Porto com Ingrid Miethe e Jörg Stiehler.