Com o romance “Um Muro no Meio do Caminho”, Julieta Monginho foi a vencedora, por unanimidade do júri, do Prémio Literário Fernando Namora, relativo ao ano de 2019, instituído pela Estoril Sol, com o valor pecuniário de 15 mil euros.
Na deliberação do Júri, presidido por Guilherme D ´Oliveira Martins, e após debate sobre os méritos das obras apresentadas a concurso, assinala-se que: “Um Muro no Meio do Caminho” constrói-se sobre uma das mais pungentes tragédias contemporâneas: a dos refugiados, sobretudo sírios, em fuga de loucuras humanas cada vez mais selváticas. Os tormentos experienciados em campos de refugiados, particularmente no campo da ilha de Scios, desenha o contexto em que Julieta Monginho situa a problemática deste drama contemporâneo”.
O Júri enfatizou, ainda, que: “escrevendo num registo muito vivo e dinâmico, beneficiando da experiência pessoal que viveu no campo de Scios em 2016, a autora vai traçando retratos de mulheres mergulhadas num universo de dor e luto, mas também de esperança. Um livro que sob a forma de um olhar simultaneamente afetuoso e triste, nos revela a face de uma humanidade perdida de si mesma”.
Julieta Monginho nasceu em Lisboa, em 1958. É escritora, magistrada do Ministério Público na jurisdição de família e crianças e formadora, colaborando com o Centro de Estudos Judiciários.
Em 1996, publicou o primeiro romance, “Juízo Perfeito”. Seguiram-se “A Paixão Segundo os Infiéis” (1998), “À Tua Espera” (2000, Prémio Máxima de Literatura), “Dicionário dos Livros Sensíveis” (2000), “Onde Está J?” (2002), “A Construção da Noite” (2005), “A Terceira Mãe” (2008, Grande Prémio de Romance e Novela da APE), “Metade Maior” (2012, finalista dos Prémios Fernando Namora e Correntes d'Escritas) e Os Filhos de K. (2015, finalista dos Prémios Fernando Namora e Pen Club).
Em 2018, a Porto Editora publicou “Um Muro no Meio do Caminho”, romance sobre a dura realidade dos refugiados que, atravessando perigosamente o Mediterrâneo, procuram uma nova casa em território europeu.
Além de Guilherme d`Oliveira Martins, o Júri desta 22ª edição do Prémio Literário Fernando Namora integra, ainda, José Manuel Mendes (ausente), pela Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Maria Alzira Seixo, José Carlos de Vasconcelos e Liberto Cruz, convidados a título individual e por Dinis de Abreu, pela Estoril Sol.
O vencedor do ano passado foi Carlos Vale Ferraz, com o seu romance “ A Última Viúva de África”. A cerimónia da entrega do Prémio está prevista para a segunda quinzena de Novembro próximo.