quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Crónica de Viagens - Jorge Santos



A emoção apodera-se de mim, afinal de contas estou quase aterrar num lugar que há muito desejava conhecer.
É impressionante a quantidade de luzes quando espreito pela janela do avião. Uma vista deslumbrante e imponente sobre esta grande cidade. Os meus olhos teimam mas não conseguem alcançar o fim das milhares e milhares de luzes brancas vistas do céu.  Sinto o trem de aterragem abrir anunciando para breve a aterragem. Os clientes, agarrados aos braços das suas cadeiras, inclinam-se numa tentativa de admirarem a vista sobre a cidade. A pancada na pista é forte mas ao mesmo tempo tranquilizante, depois de mais de 11 horas de voo...
Meu Deus, ainda não acredito que aterrei em Buenos Aires!

Incrível, toda a minha expectativa por esta cidade era alta mas sempre considerando que seria apenas mais uma qualquer cidade da América Latina. Enganei-me, superou todas as minha melhores expectativas!

Buenos Aires tem uma arquitectura única, cheiro característico, jardins lindíssimos. Buenos Aires tem alma, tem tango ao som de Gardel e Piazzola, tem futebol, tem Maradona.
Acima de tudo, Argentina tem historia e carisma!



No dia seguinte, quis logo ir respirar a cidade e seleccionei como primeiro local de paragem o famoso Bairro da Boca, lugar outrora de paragem obrigatória de marinheiros e prostitutas, onde através de uma dança sensual, de corpos entrelaçados, criaram uma das danças mais populares do Mundo, “ El Tango”.
Sem sequer sonhar, que seria o mais conhecido postal de Buenos Aires, o pintor Benito Quintela Martin criou o famoso “Caminito”. Um museu ao ar livre, de cor, ruas pedestres com os seus murais e esculturas e casas transformadas com restos de barcos, fazem do bairro da boca um lugar colorido e inigualável, visitado por milhares de turistas.

Obviamente temos que ter os devidos cuidados com os nossos pertences mas este bairro é de visita obrigatória, digo mesmo, imperdivel!

Sentado numa esplanada, contemplo as suas gentes com passo apressado. De olhar curioso levanto-me e deixo a minha guia por momentos. Ao dar pela minha ausência pergunta-me onde vou, peço-lhe que me dê apenas alguns minutos, para me poder entranhar no bairro e cheirar a cidade. Pede-me para ter cuidado e não me afastar muito do local. Obviamente que a minha ausência já tinha local previamente pensado. O mítico estádio de “La Bombonera”, meu Deus, vou tentar visitar um dos locais sagrados para os Argentinos e onde o rei “Maradona” jogou. Por aqueles lados vive-se o futebol com paixão, na minha opinião, levada ao limite. Arrisco e compro bilhetes. Estou com sorte! O boca joga nessa noite em casa. Onde me vou meter….



Ver um jogo no “La Bombonera” não se consegue explicar, tem que se viver uma vez na vida, tal a emoção! O futebol passa para segundo plano, o verdadeiro espectáculo está nas bancadas íngremes e  vertiginosas, que fazem daquele estádio uma autentica arena romana. Os adeptos cantam enquanto ensaiam coreografias atrás de coreografias... um espectáculo imponente, mas assustador. Ao mesmo tempo épico! Confesso que tive medo mas também o privilegio de dizer que vi um jogo do Boca Juniores, no mítico estádio de  “La Bombonera”

Na manhã seguinte vou conhecer outras zonas de Buenos Aires, a cada nova esquina uma nova surpresa, que cidade, que imponência.

Reparo numa senhora que passeia, não vou exagerar, mais de 30 cães! Mais tarde venho a saber que se trata de um negócio. Empresas contratam pessoas para passear cães, um negócio espalhado por toda a cidade. Se a moda pega na Europa... Os animais estão todos irrepreensivelmente bem tratados.

Aproximo-me de outro dos pontos mais emblemáticos da cidade, o Obelisco de Buenos Aires. Agora sim, sinto que estou no coração da cidade. Ouço ou seus batimentos, estou encantado com tudo o que vejo mas quero beber mais da cidade. Resolvo ir almoçar a um dos muitos restaurantes especializados em Carne Argentina. Entro no famoso “La Brasa”,  meu Deus que carne suculenta, nunca tinha degustado nada assim! Recomendo o bife de Chouriço, um manjar dos Deuses, acompanhado pela não menos famosa batata recheada. Maravilha…



Vou até outra parte da cidade, mais moderna e atravesso a ponte das mulheres, os locais continuam a apaixonar-me, mais e cada vez mais. Começo a ficar rendido! Visito a Casa Rosada, sede da Presidência da República Argentina, e entro um pouco na cultura e na história do próprio país.

Ao fim do 3.º dia e antes de voar para Ushuaia (Patagônia), tenho que despedir-me condignamente daquela cidade.Chamo um táxi e peço para me levarem até à esquina Carlos Gardel, um edifício mítico, onde se ouve o verdadeiro Tango... Incrível! e eu a pensar que sabia o que era Tango ...

Aos primeiros acordes de um velho acordeão, sou envolvido através de uma história musical sem precedentes. Ouço Hits de Carlos Gardel, músicas míticas de Astor Piazzola. E o momento porque tanto esperava, acontece. Perante uma luz embaciada através do fumo de palco, com tonalidade vermelha, dois bailarinos preparam-se para interpretar e dançar uma das mais belas e emblemáticas músicas de Astor Piazzola. “Por una cabeça”, imortalizada no filme “ Perfume de mulher” com o não menos famoso “ Al Pacino”. Que momento mágico, isto é tango, isto é sensualidade, isto é música, afinal tudo isto é Buenos Aires ...



Vou no táxi a pensar, porque não marquei mais dias nesta fantástica cidade. Seja como for, não vou demorar muito até voltar, como tal :

“Don’t Cry for Me Argentina”.

Um abraço e até dia 24 de Outubro, vemo-nos em Ushuaia, preparem os casacos que vai estar frio, muito frio!
Boa semana…

Apresentação Jorge Santos

O meu nome é Jorge Santos, tenho 48 anos e trabalho na Agência Abreu há mais de 33 anos. A minha paixão é a família, e o Mundo, afinal de contas a minha verdadeira casa ao longo dos tempos. Como coordenador nacional dos grupos de lazer da Abreu, acompanho inúmeros clientes por esse mundo fora, assim como construção de viagens à medida e respectivas viagens de inspecção.

O que vou tentar transmitir através de alguns artigos, são simplesmente sentimentos e experiências vividas na primeira pessoa, e não falar tanto da vertente organizativa da viagem em si.