quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Artes Visuais na Culturgest



A programação da nova temporada da Culturgest tem início a 17 de Setembro com o já anunciado concerto de Gabriel Ferrandini e, como sempre, apresenta diversas propostas de música, teatro, dança, performance, conferências, exposições, cinema e programação para escolas e famílias.

No que diz respeito a exposições, na Culturgest, em Lisboa, a 4 de Outubro inaugura O que é o Ornamento? no âmbito da Trienal de Arquitectura de Lisboa, com curadoria de Ambra Fabi e Giovanni Piovene. Até 1 de Dezembro, a exposição sublinha a forma como o ornamento nunca desapareceu completamente, reconectando-se à sua longa história e ao modo como ainda hoje é uma questão essencial da arquitectura contemporânea, e apresenta diferentes perspectivas sobre o seu significado através de obras de arte, objectos, móveis, livros, filmes e fotografias em seis núcleos que transcendem a história e apagam as fronteiras entre disciplinas.



Álvaro Lapa será alvo de uma exposição que pode ser visitada de 25 de Janeiro a 19 de Abril (com inauguração na noite de 24 de Janeiro), com curadoria de Óscar Faria. Lendo Resolve-se: Álvaro Lapa e a Literatura parte da série de pinturas Os Cadernos de Escritores que o pintor e escritor português realizou entre 1975 e 2005 (um ano antes da sua morte) e sublinha os constantes reenvios que o artista promovia entre pintura e literatura, numa tentativa de descodificar a sua obra enigmática, marcada pela constante ideia de atrito. Trata-se também de salientar a idiossincrasia de um dos projectos mais relevantes da arte portuguesa do século XX através das homenagens a autores maiores — Homero, Pessoa, Kafka, William Burroughs ou Beckett — realizada por Lapa ao longo de 30 anos.

De 7 de Março a 5 de Julho, o som será tema de Uma exposição invisível, com curadoria de Delfim Sardo. Apresenta obras sonoras que, desde as primeiras vanguardas do século XX até hoje, expandem a relação entre o som e o espaço, desde os trabalhos pioneiros de Kurt Schwitters e Luigi Russolo, passando por obras históricas de On Kawara ou Bruce Nauman até trabalhos recentes de Ricardo Jacinto ou Janet Cardiff. Esta exposição é uma versão ampliada da exposição originalmente concebida por Delfim Sardo e apresentada no MARCO, em Vigo, no Centro José Guerrero de Granada e no CCA de Tel Aviv.

Em maio, é apresentada a primeira exposição antológica de Gabriela Albergaria, artista portuguesa que vive e trabalha em Londres. O seu percurso no campo do desenho e da escultura é permanentemente pautado por uma cuidadosa investigação sobre a nossa relação com a natureza. Nas suas esculturas, nos seus desenhos ou no trabalho que inclui a fotografia, a representação da natureza é sempre orientada por um olhar que revela os processos históricos e perceptivos da aculturação do natural e da sua apropriação.



No Porto, a Culturgest recebe duas exposições que fazem parte do projecto Reacção em Cadeia, desenvolvido em parceria com a Fidelidade Arte (Chiado), com curadoria de Delfim Sardo: de 14 de Setembro a 5 de Janeiro (inauguração: 13 de Setembro), Jimmie Durham: Acha que Minto? inclui obras inspiradas no livro de José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis — que Durham considera um livro de referência para si e para a história do séc. XX —, as obras incluem citações do texto que, datilografadas ou manuscritas, integram individualmente cada uma das peças, não se constituindo, no entanto, como metáforas ou ilustrações. O percurso de Jimmie Durham (EUA, 1940), vencedor do Leão de Ouro, este ano, na 58. ª Bienal de Veneza, cruza a poesia, o activismo político e a prática artística numa enorme coerência que tem dado novos sentidos à relação entre política e poética e esta exposição recupera um momento importante do seu percurso e, ao mesmo tempo, faz a ponte com o seu trabalho presente, demonstrando a sua aguda actualidade. De 18 de Janeiro a 26 de Abril (inauguração: 17 de Janeiro), Sol Cego/Blind Sun, de Elisa Strinna, artista italiana que tem desenvolvido um trabalho sistemático sobre as relações entre os fluxos de comunicação e as tecnologias que permitem a sua condução e distribuição e o humano. As suas obras — escultura, vídeo, som e performance — partem da ideia física de condutores e cablagens, apresentadas como se pertencessem a um tempo perdido, uma referência à decadência inevitável do novo.

Fora de portas continua a itenerância da exposição Contra a Abstracção – Obras da Colecção da Caixa Geral de Depósitos até 27 de Outubro de 2019, no Centro de Artes de Sines.