terça-feira, 20 de agosto de 2019

Ciclo Memórias Coloniais na Culturgest



A programação da nova temporada da Culturgest tem início a 17 de Setembro com o já anunciado concerto de Gabriel Ferrandini e, como sempre, apresenta diversas propostas de música, teatro, dança, performance, conferências, exposições, cinema e programação para escolas e famílias.


Ciclo Memórias Coloniais

Um dos destaques do programa é o Ciclo Memórias Coloniais, que tem lugar de 19 de Setembro a 5 de Outubro e inclui conferências, debates, um ciclo de filmes (com entrada livre), uma performance de 13 horas e o espectáculo de teatro Os Filhos do Colonialismo, nova criação do Hotel Europa, apresentado em estreia absoluta.

O que as pessoas que viveram o colonialismo transmitiram às gerações contemporâneas? Qual é o legado actual deste passado recente? O debate sobre as memórias do período colonial tem ocupado o espaço público e a produção artística de forma intensa. Este ciclo abre espaço a este tema, acolhendo pessoas e projectos implicados em continuidade na sua pesquisa. Um convite à reflexão.

A nova criação do Hotel Europa investiga a relação que as gerações nascidas depois do 25 de Abril têm com o colonialismo português e as memórias que lhes foram transmitidas desses tempos. A partir de uma extensa recolha de testemunhos, tem lugar uma profunda reflexão – que estará em cena de 26 a 28 de Setembro - sobre como o passado colonial se manifesta em Portugal e na Europa de hoje e nos movimentos que ainda exigem a descolonização da história e do pensamento dos antigos países imperiais.

O colonialismo e as suas consequências tem sido o tema de eleição da companhia de teatro Hotel Europa e, no contexto deste ciclo, André Amálio (director artístico do Hotel Europa) abre o seu arquivo pessoal de entrevistas, livros, vídeos, fotografias de família e documentos da guerra e revisita as suas criações teatrais na performance de 13 horas, no dia 5 de Outubro, O Fim do Colonialismo Português que será apresentada para além da peça de teatro.



O ciclo apresenta ainda um programa de conferências e debates. No dia 19 de Setembro, os grupos de investigação AFRO-PORT Afrodescendência em Portugal (ISEG) e Discursos Memorialistas e a Construção da História (Faculdade de Letras Universidade de Lisboa) apresentam a conferência Políticas da Memória Selectiva da historiadora marroquina Fátima Harrak. Uma reflexão sobre os efeitos da “memória selectiva” no presente político actual, onde a autora defende uma "história cruzada" dos colonizadores e dos povos colonizados e, no dia 26 de Setembro, a conferência Memórias Africanas em Portugal, com Julião Soares de Sousa (Centro de Estudos Interdisciplinares do século XX, Universidade de Coimbra), Inocência Mata (Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa), Iolanda Évora (Centro de Estudos sobre África, Ásia e América Latina, ISEG, Universidade de Lisboa) e Carla Fernandes (AfroLis), sobre as memórias dos africanos durante a época colonial.

Tudo passa, excepto o passado é um programa sobre a herança colonial no espaço público, em museus e nos arquivos de vários países europeus, liderado pelo Goethe Institut. Chega a Portugal sob o formato de uma mesa redonda e um ciclo de filmes e debates sobre os arquivos cinematográficos pós-coloniais, que tem lugar nos dias 24 a 27 de Setembro.

O projecto MEMOIRS — Filhos do Império e Pós-memórias Europeias, que junta investigadores da França, Bélgica e Portugal, apresenta, no dia 3 de Outubro, um debate, uma sessão de cinema e uma performance à volta da mesma questão: como se manifestam as memórias do fim do colonialismo em termos sociais, culturais e artísticos na Europa.