sexta-feira, 22 de maio de 2020

Jilliene Sellner conversa sobre música no TBA



A artista e investigadora Jilliene Sellner tem juntado compositoras e intérpretes do Médio Oriente para performances em rede ao vivo e em directo na Internet. Perante o cenário de confinamento à escala global, esta conferência parte desta experiência para interrogar as diferenças que persistem no acesso à liberdade de circulação e de expressão em geografias bem próximas da Europa.

Heya (ela, em Árabe, e também uma forma amigável de cumprimento em Inglês) é um projecto de investigação desenvolvido por Jilliene Sellner, compositora e artista sonora canadiana, que procura criar pontes entre mulheres que criam sons, ruídos, gravações de campo, música experimental e música electrónica e uma audiência global. São mulheres que vêm de cidades como o Cairo, Teerão, Istambul e Beirute, partilhando cada uma experiências com as revoltas e supressões que têm vindo a acontecer desde a Primavera Árabe, a Primavera Verde e os protestos de Gezi Park.

Esta criação, que une Europa e Médio-Oriente, consiste numa série de performances transmitidas ao vivo de Nour Skhon, do Líbano, Yara Mekawei, do Egito, Ayşe Hatipoğlu, da Turquia, e de Jilliene Sellner. Combinando plataformas como o Zoom, o LiveSHOUT (uma aplicação de streaming desenvolvida por Franzika Schroeder e Pedro Rebelo na Queens University de Belfast) e o mapa sonoro da Locus Sonus, torna-se possível para estas artistas tocarem juntas remotamente.

Misturando e reagindo às experimentações sonoras e aos materiais recolhidos por cada uma das compositoras, a colaboração ganha uma forma horizontal e um método igualitário que contribui para descolonizar a investigação musicológica, contornando os formatos mais convencionais. As limitações das plataformas digitais e os acessos instáveis à Internet são um desafio inerente a esta colaboração. Porém, a experiência de Heya não se centra tanto em criar uma peça sonora perfeita, mas antes na reflexão sobre um processo que se quer colaborativo e em rede independentemente das distâncias.

Nesta conferência musical, a discussão partirá das perspectivas de artistas que trabalham fora das estruturas convencionais ocidentais, em locais e em contextos em que a liberdade de circulação ou de expressão não existe da mesma forma, para reflcetir sobre a experiência do confinamento que se vive à escala mundial.