Esta semana dentre as várias estreias de cinema nas salas nacionais o "Cultura e não Só" destaca as seguintes:
Prazer, Camaradas!
Com produção de Uma Pedra no Sapato e realização de José Filipe Costa, "Prazer, Camaradas!" – que teve estreia internacional em Agosto de 2019, no Festival de Locarno (Suíça) – junta histórias vividas em cooperativas e aldeias portuguesas no pós-25 de Abril de 1974, contadas por portugueses e estrangeiros que as viveram. Na trama, alguns dos actores são as pessoas que, em 1975, vieram ou regressaram a Portugal para participar na revolução. "Não podia pôr actores a fazerem isto como na época, nem usar actores-estátuas a dizerem textos", explica Costa. "Como então pôr os documentos a falar? E tive esta ideia de pôr estas pessoas com 61 e tal anos neste limbo. O jogo era muito simples, eles viverem com aquele corpo como se estivessem a viver no passado, e eu não sabia o que ia sair daí, e fui sendo surpreendido, muito surpreendido."
O Mauritano
A trágica história verídica do mauritano Mohamedou Ould Slahi, feito prisioneiro em 2002 pelo Governo norte-americano e levado para Guantánamo sem nenhuma acusação ou julgamento, onde esteve encarcerado até 2016. Durante esses 14 anos, Mohamedou foi submetido a privação de sono, isolamento, temperaturas extremas, espancamentos, uma execução simulada e várias formas de humilhação. Quando estava prestes a perder toda a esperança, conheceu Nancy Hollander e Teri Duncan, duas advogadas interessadas em representar o seu caso. Os três tiveram de lutar contra um sistema de leis pouco claras e pessoas dispostas a tudo para provar que tinham razão.
Realizado por Kevin Macdonald, tem como base o livro de memórias "Guantanamo Diary", escrito ainda na cadeia pelo próprio Mohamedou Ould Slahi, que se tornou um “best-seller” internacional. Tahar Rahim (nomeado para o Globo de Ouro pela sua actuação), Jodie Foster (vencedora do Globo de Ouro de melhor actriz secundária), Shailene Woodley, Benedict Cumberbatch e Zachary Levi assumem as personagens principais. O jornal britânico The Guardian tem um documentário premiado com um BAFTA chamado “My Brother’s Keeper”, sobre a amizade de Mohamedou Ould Slahi com Steve Wood, um guarda prisional que conheceu em Guantánamo.
Estados Unidos Vs Billie Holliday
Durante os anos 1940, Billie Holiday (1915-1959) era já considerada um ícone do jazz. Dada a sua influência na opinião pública, as autoridades tentaram a todo o custo proibi-la de cantar "Strange fruit". A canção, escrita por Abel Meeropol, falava sobre os linchamentos dos negros que ainda ocorriam nos EUA e dava força ao activismo anti-racista. Mas Billie nascera com um espírito livre e não estava disposta a ceder. Por causa disso, foi alvo de perseguição pelo Departamento Federal de Narcóticos, numa tentativa de a desacreditar e retirar do panorama musical.
Um drama biográfico escrito por Suzan-Lori Parks e realizado por Lee Daniels ("Precious", "The Paperboy - Um Rapaz do Sul", "O Mordomo") que tem por base a obra "Chasing the Scream: The First and Last Days of the War on Drugs", de Johann Hari. Com o papel de Billie Holiday, a cantora Andra Day recebeu o Globo de Ouro para melhor actriz e uma nomeação para o Óscar na mesma categoria. A contracenar com ela estão os actores Trevante Rhodes, Natasha Lyonne, Da'Vine Joy Randolph e Garrett Hedlund, entre outros.