O gesto assertivo de Sei Miguel atravessou quatro décadas, confirmando a importância da intencionalidade que estrutura o seu lirismo, isto desde os longínquos Moeda Noise (1983-1986), e a caracterizar seu disco de estreia (breaker, 1987-1988).
A obra de Sei Miguel é um caso singular na relação de (não-)compromisso com a música em Portugal, através de um processo paciente onde timbre e precisão rítmica do silêncio pautam um sistema de rigor, sistema esse que se tornou base para uma linguagem, em boa verdade: melódica, partilhada ao longo dos anos e das formações por inúmeros músicos instrumentistas.
O Trio que se apresenta no TBA, composto por Sei Miguel no trompete, Fala Mariam no trombone e Bruno Silva na guitarra, na estrada desde 2017 com atuações dentro e fora do país, ainda nada editou; tem trabalhado e desenvolvido um repertório de claro teor jazzístico, assente em pequenas composições e temas de sabor bluesy, propondo um “show” acessível pela sua qualidade poética.
Mas por mais que as referências a linguagens do jazz existam (ouvem-se frases assim determinadas), a organização dos acontecimentos musicais dissipa a ideia de narrativa e significado previsíveis, demonstrando um outro propósito no agora, o de uma música em confronto com o espaço, suspensa no tempo.
qua 9 junho 19h
Sala principal
12€ • Menores de 25 anos: 5€
Duração 60 min. • M/3